Flamengo 0 x 0 Globo
Editada hoje, a MP que altera as regras de comercialização dos direitos de transmissão do futebol não terá impacto de curto prazo nas situações do Flamengo e da TV Globo no mercado...
Editada hoje, a MP que altera as regras de comercialização dos direitos de transmissão do futebol não terá impacto de curto prazo nas situações do Flamengo e da TV Globo no mercado.
Por mais que os clubes mandantes ganhem liberdade econômica com a concessão do chamado “direito de arena”, nada garante que outras empresas de comunicação terão tônus financeiro para pagar o que eles desejam receber. E que seus patrocinadores aceitarão ter suas marcas expostas em outras emissoras sem contrapartidas.
Em 2011, a RedeTV! venceu a licitação do contrato de transmissão do triênio 2012-2014 da Série A do Campeonato Brasileiro. Meses após a divulgação do resultado, a emissora foi informada de que os direitos seriam repassados à TV Globo, que havia discordado das regras da concorrência e costurado acordos individuais com os clubes. Pesaram contra o canal de Amilcare Dallevo Jr. e Marcelo de Carvalho o predomínio financeiro da emissora líder e a pressão dos patrocinadores, que duvidavam do produto que seria entregue.
A Record, das quatro concorrentes da Globo, é a única que possui fôlego para entrar nessa briga e embaralhar o mercado, mas acumula passagens recentes pouco ou nada interessantes – basta recordar a experiência dos Jogos Olímpicos de Londres, transmitida por ela com exclusividade na TV aberta. No passado, a emissora teve boas experiências com o futebol europeu, mas com investimento modesto. É isso que reduzirá a distância de quase 10 pontos para a liderança?
A negociação cabeça a cabeça é sempre difícil em países de dimensões continentais, como o Brasil. E a razão é comercial. O jogo do Flamengo pode bater 20, 25 pontos de audiência na medição carioca, mas dificilmente repetirá essa marca em São Paulo, coração da pesquisa do ibope. A menos que as emissoras assumam o risco de trabalhar em rede, amargando eventualmente resultados regionais ruins, o modelo atual, em que o pacote com a totalidade de jogos fica na mão da dona dos direitos, continuará mais funcional e atrativo, limitando o poder de barganha dos clubes mandantes que tanto desejavam a independência. E, nesse caso, não há streaming ou internet que feche a conta. A TV ainda é, por nossas limitações técnicas e financeiras, predominante.
Com validade de 120 dias, a MP de Bolsonaro depende da validação da Câmara e do Senado para sobreviver. Até lá, muita bola vai rolar. As chances de gol podem até acontecer, mas só depois de 2020, com a renovação do Brasileirão e a reorganização do calendário esportivo, severamente castigado pela pandemia do novo coronavírus.
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