Filmes novos vs filmes antigos
Cada vez mais tenho apreciado os filmes “de antigamente”, sem tantas distrações externas e, às vezes, sem tantos efeitos especiais.
Como bom cinéfilo, vejo muito filmes na TV e no cinema. Ok, no cinema vejo menos do que antigamente, porque fica muito caro, mas essa é outra conversa. O fato é que vejo muito filmes, novos e antigos — e a diferença é cada vez maior entre eles.
Vendo bons filmes americanos, mesmo de aventura, dos anos 60, 70 ou 80, percebo cenas mais longas, onde entramos mais em contato com os personagens, como eles pensam, por que fazem o que fazem. Há mais preocupação com a ambientação da história e o seu desenrolar é mais lento e gradual.
Um exemplo bom dessa época? O clássico Fuga de Alcatraz, com Clint Eastwood, de 1979.
Já, quando vejo filmes atuais, sobretudo de ação, mas até suspense ou terror, percebo um ritmo mais frenético, com imagens aceleradas, acontecimentos encadeados de forma rápida, com imagens tremidas e um fiapo de história.
Um bom exemplo dos tempos atuais? O esquecível Plano de Fuga 3, com Sylvester Stallone, de 2019.
Filmes pra quem tem pressa
Dentre as razões por trás dessa mudança, que ocorreu gradualmente, está o fato de as novas gerações terem um poder de foco menor que antes.
Se a coisa demora um pouco mais, as pessoas se desconectam mentalmente, passam a dedilhar o celular em paralelo ou desistem, quando estão no streaming. No cinema, ir embora é mais difícil, mas em geral, a maior parte dos jovens nem sequer vai às salas.
Disputar o foco de um público acostumado com uma realidade que provê milhares de opções simultâneas de entretenimento a um toque de dedo é difícil. Se o filme não fisga o público logo no começo, pode perdê-lo, sobretudo se o espectador não parece disposto a mergulhar profundamente em questões mais densas.
Digital permite mais ousadias
Outro motivo que explica o ritmo “clipado” seria a facilidade maior de se editar novas produções, já que com gravações digitais pode-se fazer e desfazer cortes ou efeitos de forma a experimentar e ousar mais.
Antigamente, o filme era literalmente isso: uma película, cujos fotogramas tinham que ser cortados e emendados manualmente. Isso demandava muito custo e esmero. Os recursos técnicos eram menores, os efeitos especiais eram físicos. Usavam-se maquetes e dublês. Se a filmagem não desse certo, o retrabalho seria penoso.
Não me entenda mal, gosto muito dos filmes modernos (ok, de Plano de Fuga 3, não), com todos os seus impressionantes efeitos especiais e cenas pulsantes. Mas, cada vez mais tenho apreciado os filmes “de antigamente”, em que a história se desenlaça mais lentamente, sem tantas distrações externas e, às vezes, sem tantos efeitos especiais.
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