Voo de galinha? Indústria encolhe após impulso com volta do RS
Atividade industrial recuou 1,4% em julho contra junho, que havia disparado 4,3% com a retomada gaúcha após as enchentes
A produção industrial brasileira registrou uma queda de 1,4% na comparação entre os meses de junho e julho deste ano, revertendo parte do crescimento expressivo de 4,3% verificado no mês anterior.
Na leitura anual, o setor industrial mostrou um crescimento de 6,1% em relação a julho de 2023. No acumulado do ano, a indústria apresenta uma alta de 3,2%, e, nos últimos 12 meses, a expansão é de 2,2%. Os dados foram divulgados a pouco pelo IBGE (Indústria Brasileira de Geografia e Estatística), por meio da PIM (Pesquisa Industrial Mensal).
“O desempenho negativo da indústria em julho ocorre após intenso crescimento no mês anterior (4,3%), quando foi influenciado pelo retorno à produção de unidades produtivas que foram (direta ou indiretamente) afetadas pelas chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul em maio de 2024. Grande parte do recuo registrado neste mês tem relação com o avanço expressivo visto no mês anterior, mas também se observa que importantes plantas industriais realizaram paralisações no seu processo produtivo. O resultado de julho caracteriza-se por ter poucas, porém atividades industriais com relativa importância na estrutura industrial, que mostraram queda na produção acima da média da indústria. Apesar disso, quando comparamos o patamar da indústria em julho deste ano com dezembro de 2023, o setor industrial está 1,2% acima, mostrando a permanência de uma trajetória ascendente”, defende André Macedo, gerente da PIM Brasil.
Na análise do mês, duas das quatro grandes categorias econômicas e sete dos 25 ramos industriais pesquisados sofreram quedas na produção. Entre os principais responsáveis pela desaceleração estão os setores de produtos alimentícios (-3,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%), indústrias extrativas (-2,4%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,2%).
Desempenho por setor
O setor de produtos alimentícios foi o principal responsável pela queda, eliminando o avanço de 2,6% observado em junho. “Houve queda na produção de açúcar, impactada pelos efeitos da seca no Centro-Sul do país, de carnes de bovinos e de produtos derivados da soja. Esses itens foram os que mais contribuíram negativamente neste mês”, afirmou Macedo.
Os segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis interromperam uma sequência de dois meses de crescimento, enquanto as indústrias extrativas também apresentaram resultados negativos, refletindo quedas na produção de minério de ferro e petróleo.
Contrapondo-se a esse cenário, 18 atividades conseguiram registrar aumento na produção. O setor de veículos automotores, reboques e carrocerias destacou-se com um crescimento de 12,0%, superando o desempenho de junho (4,8%).
Outros setores como produtos de metal (8,4%), químicos (2,7%) e máquinas e equipamentos (4,2%) também contribuíram para um desempenho na ponta positiva.
Análise anual da indústria
Na comparação com julho de 2023, a indústria brasileira cresceu 6,1%, com 21 dos 25 ramos apresentando resultados positivos. Os setores que mais alavancaram esse crescimento incluíram veículos automotores (26,8%), produtos químicos (10,5%) e equipamentos de informática (24,4%).
O gerente da pesquisa no IBGE comemorou os números, mas alerta contra um otimismo exacerbado. “Trata-se de um crescimento acentuado, marcado pelo espalhamento de resultados positivos. É preciso lembrar, no entanto, de dois aspectos importantes: houve um efeito calendário positivo (2 dias úteis a mais em julho de 2024 contra julho de 2023) e uma base de comparação mais depreciada no contexto da indústria geral”.
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