Todo mundo de olho no Banco Central
Mais de 20 bancos centrais do planeta definem as taxas de juros nesta semana, com destaque para FED, BoJ e BCB
Os próximos dias prometem ser de volatilidade no mercado financeiro com decisões sobre taxas básicas de juros em mais de duas dezenas de países. Entre os que devem concentrar as atenções dos investidores locais estão o Japão, os Estados Unidos, e o Brasil.
O BoJ (Banco do Japão) pode acabar com o último refúgio dos juros negativos nesta terça-feira, 19. As apostas entre os 40 economistas ouvidos pela Bloomberg variam entre a manutenção da taxa básica de juros em -0,1% até uma elevação de 0,1% ao ano. O consenso, no entanto, aponta para a manutenção da taxa negativa, com apenas 11 dos entrevistados acreditando na mudança ainda nesta reunião.
Caso essa decisão não seja tomada agora, espera-se que a normalização das taxas ocorra até abril. A inflação japonesa finalmente começou a dar indicações de que está acelerando, e a necessidade por juros ultra relaxados deve desaparecer em breve.
Na quarta-feira, 20, é a vez de o FED (Federal Reserve) e o BC (Banco Central do Brasil) definirem as taxas locais. Nos Estados Unidos, o FED deve consolidar junho como o ponto de partida para os cortes nas taxas de juros. No entanto, há receios de que o ciclo de queda possa ser encurtado devido à resistência da inflação.
Por isso, além da coletiva de imprensa com o presidente da autoridade monetária americana, Jerome Powell, os investidores devem avaliar com cuidado o famoso Dot Plot, o gráfico de pontos que indica previsão dos juros para o fim dos próximos três anos pelos membros da autarquia.
No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve realizar mais um corte na Selic de 0,50 ponto percentual, para 10,75% ao ano. A atenção, no entanto, estará na indicação do Banco Central sobre as próximas reuniões. O mercado está dividido sobre a possibilidade de o BC retirar a expressão “próximas reuniões” do comunicado. A autarquia tem utilizado essa linguagem para indicar dois cortes de 0,50 ponto percentual nas reuniões seguintes.
A curva futura de juros atual indica uma Selic terminal, isto é, a taxa básica ao final do ciclo de cortes, acima de 9,5% ao ano. Isso significaria um espaço entre 175 e 200 pontos base para as reuniões seguintes. Por isso, parte do mercado defende que uma retirada da expressão indicaria uma mudança no ritmo de cortes para 2024.
Ainda no Brasil, o relatório bimestral de avaliação do Orçamento, que será enviado ao Congresso até sexta-feira, 22, e a expectativa em relação à manutenção da meta de déficit zero devem mexer com os humores do mercado.
De volta ao cenário internacional, o mercado reage nesta segunda-feira, 18, aos dados da produção industrial e das vendas no varejo na China, que apresentaram resultados acima das expectativas. Segundo os números divulgados neste domingo, a produção industrial teve um aumento anualizado de 7,0%, enquanto as vendas no varejo avançaram 5,5%.
Esses números positivos reforçam o dinamismo do setor industrial e do comércio varejista chinês, mesmo em meio a incertezas econômicas globais. No entanto, apesar dos resultados promissores, especialistas afirmam que isso não altera a aposta de que Pequim manterá as taxas de juros inalteradas.
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