“Só conseguirá se vender patrimônio”
Gustavo Franco, em entrevista a O Estadão, dá o diagnóstico de como reduzir a dívida pública...
Gustavo Franco, em entrevista a O Estadão, dá o diagnóstico de como reduzir a dívida pública:
O Estadão: Do lado de fora, conseguimos prever o que pode vir ou é obscuro?
Gustavo Franco: É obscuro porque as coisas mais polêmicas ficam numa área que não é bem do orçamento ou dos bancos públicos federais. Ficam ali no meio disso: são as operações criativas envolvendo bancos, fundos, Tesouro. A área que, nós técnicos, chamamos de parafiscal. É onde a Lei de Responsabilidade Fiscal tem pouco a dizer, pouco controle, e onde ocorrem as piores atrocidades. Mas a síntese, por assim dizer, do problema fiscal é o nível do endividamento público interno. Nunca tivemos uma dívida interna tão grande e tão cara. O Brasil pagou de juros, no ano passado, o equivalente a 10% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso é algo como duas vezes o que pagou o Tesouro grego. É a maior conta de juros do mundo. É claro que isso ocorre porque o juro é alto e porque a dívida é alta. A dívida é alta demais para o Brasil. Na minha percepção, esse é o maior desafio de todos. Não há muito precedente histórico, seja aqui, seja em outros países, de desalavancagem – a redução rápida do estoque da dívida interna.
O Estadão: E como resolve?
Gustavo Franco: Só conseguirá fazer reduções relevantes na dívida pública se vender patrimônio. Se vender ativos: concessões, participações, créditos. Esse é o principal desafio, cujos termos do enfrentamento ainda não estão definidos. Há boas intenções no ar, mas não vimos nada operacional ainda.
É o caminho lógico: além de fazer caixa com a venda de ativos, o governo diminui de tamanho e passa a focar nas suas verdadeiras atribuições. Ao diminuir de tamanho, vai endividar-se menos e aliviará o bolso de cada cidadão.
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