Relatório de Inflação do BC destaca piora da pressão sobre preços
Projeções e expectativas de inflação acima da meta para os próximos anos embasam argumento a favor de política monetária contracionista
A inflação, após registrar alta nos últimos meses, continua sendo uma preocupação central do Banco Central, de acordo com o RTI (Relatório Trimestral de Inflação) do Banco Central, especialmente em meio ao aquecimento da atividade econômica e às incertezas do cenário global. O documento, que avalia o andamento das pressões inflacionárias a cada três meses, foi divulgado na manhã da quinta-feira, 26, pela autoridade monetária.
Pressões inflacionárias persistem
O RTI destaca que a inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), subiu de 3,93% em maio para 4,24% em agosto. Os núcleos de inflação, que excluem itens voláteis como alimentos e energia, também apresentaram elevação, refletindo um cenário de pressões generalizadas sobre os preços. “A inflação acumulada em doze meses voltou a subir, assim como as expectativas de inflação de curto e médio prazo“, ressalta o relatório.
O documento lembra que as projeções para 2024 e 2025 também pioraram, de acordo com a pesquisa Focus, que reflete as expectativas do mercado. O Banco Central estima que a inflação, após subir no segundo e terceiro trimestres de 2024, deve iniciar uma trajetória de queda, mas ainda acima da meta de 3,00%. Para 2024, a projeção é de 4,3%, enquanto para 2025 e 2026, as previsões são de 3,7% e 3,3%, respectivamente.
Cenário externo incerto
O texto lembra que o ambiente econômico global segue desafiador, com os bancos centrais das principais economias do mundo, como o FED (Federal Reserve) dos Estados Unidos, lidando com uma possível inflexão do ciclo econômico, o que levanta incertezas e impacta diretamente países emergentes como o Brasil. As pressões nos mercados de trabalho também estão influenciando as políticas monetárias globais.
Economia doméstica aquecida
A atividade econômica em expansão também foi destaque do RTI. O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024, superando as expectativas, impulsionado pelo consumo das famílias, investimentos e setores cíclicos. O mercado de trabalho também permanece aquecido, com a taxa de desocupação no trimestre encerrado em julho atingindo 6,9%, próxima ao menor nível da série histórica. “Diversos indicadores corroboram a avaliação de que o mercado de trabalho está aquecido“, pontua o relatório.
Impactos na política monetária
Com o aumento das projeções de inflação, o Banco Central reforçou a importância de manter uma política monetária contracionista, como expressado pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião mais recente.
A inflação projetada para o horizonte relevante de política monetária, que vai até o primeiro trimestre de 2026, é de 3,5%, ainda acima da meta de 3,00%. Esse desvio em relação à meta deve-se, principalmente, à atividade econômica mais forte que o esperado, à depreciação cambial e ao aumento das expectativas de inflação. Tais fatores compensaram a queda nos preços do petróleo e o aumento da taxa de juros real, conforme destacado pelo RTI.
Projeções futuras
A projeção do Banco Central é de que, após a alta observada nos últimos trimestres, a inflação começará a se desacelerar, mas o caminho de convergência para a meta de 3,00% ainda enfrentará obstáculos.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)