Prejuízo da Petrobras e BC pronto para aumentar Selic no radar
Mercado deve ajustar posições para um cenário em que a próxima composição da autarquia mantenha a austeridade no combate à inflação
Os investidores devem reagir na sessão de fechamento da semana ao primeiro prejuízo da Petrobras desde 2020 e a falas bastante incisivas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre o crescimento das possibilidades de alta da taxa básica de juros.
O resultado do segundo trimestre da petroleira estatal surpreendeu negativamente o mercado ao divulgar prejuízo, enquanto analistas esperavam lucro próximo a 15 bilhões de reais a companhia terminou o período no negativo em 2,6 bilhões de reais.
A empresa argumentou que o balanço ruim foi impactado por eventos não recorrentes como o acordo de 12 bilhões de reais com o Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais) e dívidas de subsidiárias no exterior (pouco mais de 2 bilhões de dólares). Sem isso, o resultado seria, segundo a companhia, um lucro de 5,4 bilhões de dólares, bastante em linha com os números registrado no mesmo trimestre do ano passado.
A Petrobras informou ainda que utilizará 6,4 bilhões de reais da reserva de 21,9 bilhões de reais dos dividendos extraordinários de 2023 para compor o pagamento de dividendos do 2º trimestre, uma vez que no último semestre as condições financeiras da companhia não atendem aos critérios para a distribuição de proventos.
Os dividendos, que ficarão em torno de 1,05 real por ação serão pagos em duas parcelas, em 21 de novembro e 20 de dezembro para os detentores de papéis da empesa no dia 22 de agosto.
Galípolo fala sobre alta da Selic
Além dos resultados corporativos, as falas do indicado de Lula ao BC e apontado como favorito para a sucessão de Roberto Campos Neto para a Presidência da autoridade monetária devem afetar expectativas para os juros.
Em palestra no 15º Congresso das Cooperativas de Crédito, em Belo Horizonte, o diretor de Política Monetária da autarquia decidiu “esclarecer” a Ata do Copom e cristalizou o entendimento de que o balanço de riscos está “assimétrico”, com as chances de deterioração do cenário mais contundentes que o contrário.
Também corroborou o sentimento dos investidores de que o alcance da meta de 3% de inflação está cada vez mais complicado no cenário atual e destacou ainda que a previsão de inflação a 3,2% no primeiro trimestre de 2026 está “acima da meta”, e não “em torno da meta” como o mercado sinalizou ter entendido.
Galípolo ainda mandou recado para Lula sobre o patamar do juros no combate a inflação. Após comentar sobre reações da sociedade sobre o assunto e das críticas públicas petista ao nível da taxa Selic. Alertou que a função do BC é perseguir a meta de inflação de 3%. “Se o Executivo quiser juro menor que o necessário para levar a inflação a 3%, que altere a meta”, disse.
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