Planejamento da fraude previa mais R$ 3 bi de rombo nas Americanas
Uma cópia com anotações feitas de próprio punho pelo ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez indicaria os nomes dos diretores envolvidos no planejamento da fraude e a previsão de um aumento no rombo de mais R$ 3 bilhões até o fim do ano passado...
Uma cópia com anotações feitas de próprio punho pelo ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez indicaria os nomes dos diretores envolvidos no planejamento da fraude e a previsão de um aumento no rombo de mais R$ 3 bilhões até o fim do ano passado. Essa é uma das hipóteses em avaliação após a apresentação de novos documentos pela varejista à Justiça de São Paulo no início da semana.
Em uma das imagens disponibilizadas pela defesa da companhia no processo, há anotações supostamente feitas por Gutierrez que indicariam a data da reunião (25/04/2022) e as iniciais dos diretores presentes: ACS (que seria Anna Cristina Saicali); MCM (Marcio Cruz Meirelles); JTB (José Timotheo Barros); MN (Marcelo Nunes); e MSG (Miguel Sarmiento Gutierrez).
O encontro teria tratado das estratégias para ocultar o problema com o desfalque que estava sendo gerado com as operações de risco sacado. Em um dos slides, o grupo compara o que seria a “visão interna” da empresa – isto é, as contas reais, com uma queima prevista de caixa de R$6,6 bilhões – com a “visão externa” – a situação repassada pela companhia para os diferentes acionistas, conselheiros e analistas, em que a necessidade de caixa passava para R$ 3,1 bilhões.
Ao lado da conta fraudada, uma anotação digitada no slide indica “não teremos caixa suficiente até junho/2023“. Nas linhas contábeis, um item descrito como “aumento AF” e os números 3.514. Aparentemente, esse seria o valor em milhões de reais a ser escondido para fechar o balanço no positivo. A sigla AF seria relativa a “Antecipação de Fornecedores”.
À época, a expectativa do grupo para o rombo no balanço da varejista, de acordo com o apontado nos documentos relacionados à “visão interna” era de chegar ao fim do ano como um saldo negativo projetado de R$ 22 bilhões na conta secreta de antecipação aos fornecedores.
Alguma coisa parece ter dado errado, uma vez que nos levantamentos feitos após a descoberta da fraude desfalque ficou em “apenas” R$ 20 bilhões.
Confira aqui a íntegra dos documentos apresentados pelas Americanas à Justiça.
É importante ressaltar que o ex-CEO Miguel Gutierrez afirmou em depoimento recente à CVM e à PF que um dos principais acionistas de referência da empresa Beto Sicupira estava ciente das operações, conforme noticiou O Antagonista.
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