PIB surpreende e cresce 3,2%
O PIB brasileiro, divulgado hoje, cresceu 1,2% no segundo trimestre e ficou 3,2% acima do mesmo período de 2021. Há menos de um ano, quando o Banco Central sinalizou que as taxas de juros subiriam acima de 10%, muitos economistas chegaram a prever uma queda na atividade em 2022...
O PIB brasileiro, divulgado hoje, cresceu 1,2% no segundo trimestre e ficou 3,2% acima do mesmo período de 2021. Há menos de um ano, quando o Banco Central sinalizou que as taxas de juros subiriam acima de 10%, muitos economistas chegaram a prever uma queda na atividade em 2022. No entanto, a despeito de uma guerra até então inesperada, do aumento de juros nos EUA e principalmente da forte desaceleração econômica da China, nosso maior parceiro comercial, o Brasil cresceu bem mais que o mais otimista dos economistas poderia prever, exceto um, Paulo Guedes.
O que ele sabia que os economistas não sabiam? Que o Brasil produziu um superávit primário de R$73 bilhões até julho. Desses, 27 bilhões vieram de dividendos da Petrobras e 26 bi na privatização da Eletrobras. Explica uma parte, mas não tudo. As receitas vieram melhor porque o PIB estava crescendo mais. A geração de empregos com carteira assinada (CAGED) foi de 1.560 mil, reduzindo o desemprego para 9.1%, menor nível em 7 anos. Mais emprego gera mais renda que gera mais arrecadação e menos gastos sociais.
E esse crescimento ainda não teve o impacto do aumento do Auxílio Brasil, que só começou a ser pago no segundo semestre, nem a redução nos preços de combustíveis, o que aumenta a renda disponível. Claramente, o governo poupou e agora vai gastar. Teria havido alguma mudança estrutural que tenha realmente mudado o Brasil e que os modelos atuais ainda não contemplam? Nossa opinião é que sim. E temos uma suspeita.
Segundo Leonardo Rolim, ex-secretário da Previdência e ex-presidente do INSS, a reforma da previdência promovida no primeiro ano do governo Bolsonaro deve economizar R$ 156 bilhões até o final de 2022, 79% acima do que os técnicos previam durante o trâmite do projeto. Nosso modelo econômico melhorou com apenas uma reforma e os economistas ainda não perceberam.
Os economistas podem ter demorado a precificar essas surpresas, mas o mercado não. Num ano de guerra na Europa, crise energética, alta de juros global e desaceleração na China, o dólar está caindo e o Ibovespa está subindo. Passado o período eleitoral, o foco deve voltar a ser a discussão econômica. Caso não haja uma guinada radical no modelo, o novo governo começa com a casa relativamente arrumada.
Quer saber as ideias econômicas do próximo governo, seja ele qual for? Estarei no Inv Talks, evento presencial no dia 12 de setembro, em São Paulo, ao lado de Rodrigo Natali, Mario Sabino, de O Antagonista, e especialistas da Inv. Lá discutiremos justamente quais serão esses caminhos e as oportunidades que eles trazem para quem está atento. Te espero lá para nosso debate e para tomar um café.
Pedro Cerize, gestor de fundos de investimentos e autor da série A Carta, da Inv Publicações.
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