O calote de R$ 2,7 milhões dos Correios
O Fundo de Investimento Imobiliário TRBL11 acusa a estatal de não pagar o aluguel referente a dezembro de um galpão em Contagem (MG)
O Fundo de Investimento Imobiliário TRBL11 (Tellus Rio Bravo Renda Logística) acusou na terça-feira, 14, em fato relevante registrado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os Correios de darem um calote de 2,7 milhões de reais no aluguel de um galpão logístico em Contagem (MG).
O espaço é usado pela estatal para a distribuição de encomendas, sendo o maior centro logístico dos Correios em Minas Gerais.
Com vigência de dez anos, o aluguel, que deveria ter sido pago em 7 de janeiro, representa 46,5% da entrada de receita do TRBL11, segundo o Poder 360.
A multa por rescisão pode chegar a 300 milhões de reais.
“Rescisão unilateral da locação”
Em nota, os Correios alegaram ter entrado com um processo de “rescisão unilateral da locação”, supostamente informado ao fundo em 2 de dezembro de 2024.
“A decisão foi fundamentada em trabalhos técnicos contratados pelos Correios, realizados segundo métodos e procedimentos abrangentes e as melhores técnicas para o caso, que constataram o comprometimento quanto à solidez e à segurança da edificação, ratificando a suspensão das operações pela estatal desde 14 de outubro de 2024, data estabelecida para a interrupção do pagamento de aluguel”, acrescentou a estatal.
O TRBL11 nega que tenha sido informado sobre a decisão.
Risco de “insolvência” dos Correios
Os Correios registram o maior prejuízo de sua história para o período de janeiro a setembro. Os 2 bilhões de reais em déficit estão prestes a superar o pior desempenho anual da história, de 2,1 bilhões de reais, registrados em 2015, no governo… Dilma Rousseff.
O problema é tal que a estatal decretou em outubro um teto de gastos, de 21,96 bilhões de reais, que prevê encerramentos de contratos e suspensão de contratação de terceirizados.
“Tais medidas visam, fundamentalmente, a recompor o saldo do orçamentário/caixa para retomada do equilíbrio econômico-financeiro e evitar que a empresa entre em estado de insolvência”, diz documento interno que detalha a medida.
Os Correios são comandados pelo advogado Fabiano Silva dos Santos, indicado pelo grupo de advogados anti-Lava Jato Prerrogativas para a presidência da empresa e conhecido como o “churrasqueiro de Lula”.
O rombo se explica, em parte, pela desistência dos Correios em ações trabalhistas que somam cerca de 1 bilhão de reais. Mas a estatal culpa seu “sucateamento” no governo Jair Bolsonaro e a famigerada “taxa das blusinhas”, que taxou compras abaixo de 50 dólares e teria impactado negativamente em 1 bilhão de reais a receita do ano, ao reduzir o número de encomendas ao Brasil.
“A receita projetada para 2024 foi reduzida de R$ 22,7 bilhões para R$ 20,1 bilhões, o que representa um crescimento de 1,5% em relação a 2023. As medidas administrativas adotadas reduziram a projeção de despesa de R$ 22,5 bilhões para R$ 21,9 bilhões, representando uma redução de 1,8% (R$ 600 milhões) em relação a 2023”, justificou a estatal.
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