“Ninguém espera” déficit zero no ano que vem, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi incisivo sobre a possibilidade de o governo federal atingir a meta fiscal de déficit zero: "ninguém espera"...
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi incisivo sobre a possibilidade de o governo federal atingir a meta fiscal de déficit zero: “ninguém acredita“. Durante um almoço com a Frente Parlamentar do Empreendedorismo, em Brasília, nesta terça-feira, 5, ele fez uma avaliação da situação econômica atual do Brasil e ressaltou que não há uma conexão automática entre a não realização dessa meta e a redução das taxas de juros.
Campos Neto destacou que, embora um regime fiscal desordenado possa afetar as expectativas de inflação futura e, consequentemente, influenciar a definição da taxa Selic, isso não significa que zerar o déficit primário resultará automaticamente em uma redução das taxas de juros.
“Ninguém hoje espera que o governo vá fazer 0% de meta. Mesmo assim a gente vê que teve pouca influência nas variáveis macroeconômicas, que é o que é importante para o Banco Central no dia a dia“, afirmou.
Apesar das expectativas baixas em relação à possibilidade de alcançar o déficit zero, o presidente do Banco Central ressaltou a importância de continuar monitorando a situação do regime fiscal para o futuro. “É importante ter uma previsibilidade do futuro“, disse.
A meta de déficit zero (equilíbrio entre receitas e despesas) em 2024 é uma das principais bandeiras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. E é utilizada como argumento para solicitar ao Congresso a aprovação de projetos que aumentem a arrecadação de impostos, uma vez que o governo não admite a necessidade de conter gastos.
Vale lembrar que o Planalto tinha a oportunidade de solicitar uma alteração na meta fiscal no PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias), mas optou por manter o objetivo pouco crível. E a falta de credibilidade na consecução da meta se dá não só pela arrecadação menor que o esperado, mas também porque a alternativa (contingenciamento) foi descartada por Lula .
Apesar disso, Haddad continua apontando o dedo para o presidente do Banco Central e cobrando uma aceleração na redução da taxa básica de juros.
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