Ministério relativiza aumento na conta de luz para beneficiar irmãos Batista
Consumidores das regiões Norte e Nordeste vão pagar mais, mas pasta de Minas e Energia trata valores como “irrisórios”
Como Crusoé apontou na raiz, em dezembro de 2023, na reportagem “Um choque de anticapitalismo” e na matéria de capa “De volta para o passado”, o governo Lula vem garantindo lucros aos irmãos Batista às custas dos brasileiros. Após aprovar uma medida provisória de socorro ao caixa da Amazonas Energia para cobrir os pagamentos pela empresa às termelétricas recém-compradas pela Âmbar, braço de energia da J&F Investimentos, o Ministério de Minas e Energia relativizou o aumento na conta de luz provocado pela MP, tratando os valores como “irrisórios”.
Um estudo da TR Soluções, empresa de tecnologia especializada em tarifas de energia elétrica, mostra que os consumidores das regiões Norte e Nordeste vão pagar mais em comparação com consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, especialmente os consumidores “eletrointensivos” em energia, como as grandes indústrias.
“Os mais afetados são os consumidores eletrointensivos das regiões Norte e Nordeste. No EER, eles são cobrados pelo consumo da energia mesmo, e menos pela transmissão (transporte da energia). Todos vão pagar mais: siderúrgicas, mineração, alumínio, indústrias de gases industriais, hospitais, tudo acaba se refletindo no custo final do produto”, afirmou Helder Souza, diretor de Regulação da TR Soluções, ao Estadão.
Os aumentos na conta de luz
O cenário-base indica que os consumidores de baixa tensão do Sul, Sudeste e Centro-Oeste terão redução de custos de 3,84 reais por megawatt-hora (MWh), enquanto os consumidores das regiões Norte e Nordeste pagarão mais 0,38 real por MWh.
Na média tensão, que engloba indústrias maiores, o MWh terá redução de 2,07 reais no Centro-Sul do país, ante elevação de 1,30 real no Norte e Nordeste.
Na alta tensão, das indústrias de consumo mais intensivo de energia, haverá aumento de 0,32 real no Sul, Sudeste e Centro Oeste e de 2,56 reais no Norte e Nordeste.
MME relativiza os aumentos na conta de luz
O Ministério de Minas e Energia, de Alexandre Silveira (PSD, foto), alegou ao jornal que a MP promoveu um “rearranjo de pagadores”, incluindo as grandes indústrias na conta.
Ainda segundo a pasta, os valores estabelecidos no rateio dos consumidores de diferentes regiões do País são “irrisórios”.
Já a Âmbar, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, alega que “todos os agentes do mercado elétrico tinham conhecimento, inclusive pela imprensa, de que uma solução para a sustentabilidade econômica da Amazonas Energia era urgente e iminente”.
“O risco de crédito da distribuidora perante as usinas geradoras, portanto, era temporário”, acrescentou.
A ajuda do governo aos irmãos Batista
O governo Lula publicou, em 13 de junho, uma medida provisória de socorro ao caixa da Amazonas Energia, distribuidora de energia elétrica do estado do Amazonas que há tempos tem dificuldades de caixa e está inadimplente com termelétricas fornecedoras, para cobrir os pagamentos devidos pela empresa às termelétricas recém-compradas pela Âmbar, braço de energia da J&F Investimentos, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Assinado pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin, já que Lula cumpria agenda na Europa, o texto prevê que os consumidores paguem o socorro financeiro por até 15 anos. No cálculo de operadores do mercado de energia, os custos podem variar de 2 bilhões a 2,7 bilhões reais por ano, com a possibilidade de passar de 30 bilhões de reais no final do prazo,
A MP determina que os contratos de fornecimento das térmicas com a Amazonas Energia sejam pagos pela Conta de Energia de Reserva, paga por todos os consumidores de energia e gerida pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
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