Lula convoca a torcida contra Campos Neto
Em entrevista, o petista afirmou que empresários do setor industrial promover passeatas contra a taxa de juros
Em meio a mais uma onda de ataques ao presidente do Banco Central, motivada pela manutenção da taxa básica de juros a 10,5% ao ano, o presidente Lula (PT) convocou nesta quarta-feira, 26, os empresários do setor produtivo para pressionar Roberto Campos Neto.
Em entrevista ao Uol, o petista afirmou que os empresários da Fiesp e da CNI deveriam “fazer passeata contra a taxa de juros”, já que estão com dificuldades para conseguir crédito.
“Eu continuo criticando a taxa de juros. Até acho que não deveria ser o presidente que criticasse. Teve um tempo em que a gente tinha o Emílio de Moraes, eu tinha o Zé Alencar [ex-vice-presidente da República e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais] que batia muito na taxa de juros. Mas é preciso que os empresários do setor produtivo, a CNI, a Fiesp, ao invés de reclamar do governo, deveriam fazer passeata contra a taxa de juros, porque são eles que estão tendo dificuldades. São eles que não conseguem crédito, não é o governo”, disse Lula.
Para o petista, o presidente do Banco Central “não pode só cuidar da inflação”.
“O Banco Central tem necessidade de manter a taxa de juros a 10,5% quando a inflação está a 4%? O Banco Central leva em conta que as pessoas estão tendo dificuldade de fazer financiamento? Não é culpa sequer do Banco Central, é culpa a estrutura que foi criada. Ou seja, o cara não pode só cuidar da inflação”, afirmou.
Galípolo será o próximo presidente do BC?
Questionado sobre o encontro realizado com Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central cotado para assumir a presidência do BC em 2025, Lula disse não pensar na sucessão de Roberto Campos Neto ainda.
“O Galípolo é um companheiro altamente preparado, conhece muito do sistema financeiro, mas eu ainda não estou pensando na questão do Banco Central”, afirmou o petista.
Como ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Galípolo é apontado como possível sucessor de Campos Neto desde que foi indicado para o quadro de diretores do Banco Central.
Ele, no entanto, votou com os demais diretores da autoridade monetária para o fim do ciclo do corte da taxa de juros, apesar da pressão de Lula e do PT.
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