Gleisi, por que Galípolo votou com Campos Neto?
A manutenção da taxa Selic em 10,5% foi adotada por unanimidade no Copom
Empenhada em culpar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por sabotar a economia brasileira e impedir um corte mais agressivo na taxa básica de juros, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), omitiu de suas críticas o fato de que a manutenção da Selic em 10,5% ao ano foi uma decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), avalizada por Gabriel Galípolo e pelos demais diretores indicados por Lula para o BC (Aílton Aquino, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira).
Eis o que disse a petista no X após a divulgação da Selic nesta quarta-feira, 19:
“Não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter a taxa básica de juros em 10,5%, quando nem as mais exageradas especulações colocam em risco a banda da meta de inflação. E não será fazendo o jogo do mercado e dos especuladores que a direção do BC vai conquistar credibilidade, nem hoje nem nunca.”
Cortina de fumaça
Como mostrou Rodrigo Oliveira em “Após invertida no BC, Lula busca bode expiatório”, a decisão unânime do Banco Central pela interrupção do corte de juros esvazia a retórica de Lula e do PT sobre o “indicado de Bolsonaro”.
“É óbvio que essa conversa é, e sempre foi, uma grande bobagem, uma cortina de fumaça para desviar a discussão sobre o que realmente interessa: responsabilidade com as contas públicas. No comunicado do Copom, que somente contém o que é consenso entre os membros, foi mantida, não por acaso, a expressão ‘uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária'”, diz o texto.
BC foi unânime sobre os juros
O Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada, como amplamente esperado pelo mercado. Todos os diretores da autoridade monetária concordaram com a interrupção do ciclo de queda da taxa básica de juros iniciado em agosto do ano passado, quando a Selic estava em 13,75%.
“O Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas“, afirmou o colegiado, em comunicado.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)