Galípolo agradece a Campos Neto por transição no BC: “Muito generoso”
"Sou testemunha de que o Roberto, em todas as reuniões, atuou com a preocupação em relação ao país", disse o futuro presidente do Banco Central, indicado por Lula
Futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo (à esquerda na foto), que atua até o fim do ano como diretor de Política Monetária da instituição, rasgou elogios a Roberto Campos Neto (à direita na foto), presidente do BC até o fim do mês, nesta quinta-feira, 19, pela “transição entre amigos”.
“Vou aproveitar para agradeceu ao Roberto. O Roberto, em várias vezes nas reuniões, ele citava o Powell, mas não era o Jerome Powell [presidente do FED, Banco Central americano], era o Colin Powell [ex-secretário de Estados dos EUA] que ele citava, dizendo sobre você exercer influência num ambiente de reunião não pela autoridade, mas pela experiência e pelo aconselhamento”, comentou Galípolo durante entrevista sobre o balanço de inflação do BC, “the last dance” de Campos Neto na instituição, como brincaram no início da apresentação.
“E eu sou testemunha da generosidade que o Roberto teve ao longo de todo esse processo de transição. Às vezes o Roberto usa a palavra suave, às vezes eu uso generosidade, mas a verdade é que ela foi uma transição entre amigos mesmo, foi muito amistosa”, seguiu Galípolo, indicado para assumir a presidência do BC por Lula, que se acostumou a pintar Campos Neto como um inimigo ao longo dos seus dois primeiros anos de governo.
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“Muito generoso”
“E o Roberto foi muito, muito generoso mesmo nesse processo de passagem de bastão, ao longo do processo, de dar liberdade, de em todas as reuniões poder falar ‘importante que o Gabriel tenha um peso diferente agora na fala, que o Gabriel tenha um peso diferente na votação’. E foi assim ao longo dessas últimas reuniões”, comentou o futuro presidente do BC, dirigindo-se, então, diretamente a Campos Neto.
“Só agradecer, Roberto. Tenho muito orgulho de você ter me dado essa oportunidade de estar passando por essa primeira transição de autonomia do BC, graças ao que você está fazendo, e eu sou testemunha de que o Roberto, em todas as reuniões, atuou com a preocupação em relação ao país, sempre, pensando no que era melhor para a economia brasileira, o que era [melhor] para o país e em fortalecer a gente”, seguiu Galípolo, fazendo um gesto ao colega de instituição ao mencionar seu avô, o economista Roberto Campos:
“E é um orgulho para mim poder passar por essa transição, o primeiro teste aqui da autonomia do BC, no momento em que a gente sabe, com a sociedade conflagrada, como a gente sabe, mas que, acho que o avô do Roberto estaria muito orgulhoso de saber que ele deu essa contribuição de demonstração de força institucional do Banco Central neste momento. Te agradeço como futuro presidente e te agradeço como brasileiro, por tudo o que você fez, e como amigo.”
Alta nos juros
Apenas após toda essa deferência, Galípolo comentou a decisão de elevar em um ponto percentual a taxa básica de juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e contratar mais dois aumentos da mesma magnitude nas duas próximas reuniões:
“Não sobra nenhuma dúvida de que o Banco Central deu um passo claro na direção de botar a taxa de juros num patamar restritivo com alguma segurança.”
Mais cedo, em sua primeira intervenção, Campos Neto disse que cancelou todas as entrevistas “para facilitar a vida do Gabriel” e defendeu a seriedade de sua gestão. “Essa foi a transição mais bem planejada independentemente da polarização política e das críticas”, comentou.
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Comentários (1)
Marian
19.12.2024 13:56Obrigada Campos Neto. Creio que enfrentaremos tempos sombrios.