Ford desistiu do Brasil há cinco anos
Marli Olmos, no Valor, explica que a Ford não desistiu do Brasil agora, mas há pelo menos cinco anos, quando pôs fim aos programas de investimentos. A fábrica de motores em Taubaté, por exemplo, "perdeu o sentido à medida que não se desenvolviam novos modelos de carros"...
Marli Olmos, no Valor, explica que a Ford não desistiu do Brasil agora, mas há pelo menos cinco anos, quando pôs fim aos programas de investimentos. A fábrica de motores em Taubaté, por exemplo, “perdeu o sentido à medida que não se desenvolviam novos modelos de carros”.
Houve um sopro de esperança quando Michel Temer prorrogou o programa de incentivos fiscais para montadores das regiões Norte e Nordeste, em 2018.
“Os dirigentes da Ford foram os que mais fizeram lobby”, pela medida, de olho na planta de Camaçari (BA), que passou a concentrar a atividade industrial do grupo. “Mas os incentivos não foram suficientes para segurar a empresa”.
Em 2019, o fechamento da fábrica em São Bernardo do Campo, onde eram produzidos caminhões e carros, acentuou a dinâmica de saída.
E, em dezembro passado, veio a pá de cal quando Lyle Watters, presidente da Ford na América do Sul, anunciou ao presidente argentino, Alberto Fernández, um novo programa de investimentos de US$ 580 milhões para desenvolver a próxima geração da Ranger.
“Ao anunciar um plano de investimentos para o país vizinho e nada para o Brasil, o executivo irlandês deixou claro que o Brasil já não fazia parte da estratégia industrial da companhia.”
Olmos lembra que, numa entrevista naquele dia, “Watters queixou-se da desvalorização do real e do peso argentino, que levavam a uma ‘situação sem precedentes’, agravada pela pandemia”.
“Naquele dia, ele deixou, ainda, claro que a partir de então, a estratégia da companhia seria voltada à preservação da saúde financeira. A Argentina tem uma peculiaridade em relação ao Brasil. Sua economia é altamente dolarizada. Para a indústria, isso facilita o repasse dos custos com desvalorização cambial.”
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