Fiscal pior e mais ruídos com Petrobras castigam investidores
Enquanto a perda de credibilidade do arcabouço fiscal pressiona os juros, o avanço de Lula sobre a estatal preocupa mercado financeiro
A semana pode continuar a deteriorar as expectativas do mercado financeiro conforme avançam as matérias relativas à desoneração da folha de pagamentos e das contribuição previdenciária de pequenos municípios no Congresso Nacional. Com mais um ano de isenções, a Fazenda tem de lidar com novas perdas de arrecadação que ainda não estavam na conta.
Além disso, o crescimento das despesas tem preocupado cada vez mais. Economistas consultados por O Antagonista temem que o avanço dos gastos (atualmente, em torno de 6% acima da inflação, contra um limite de 2,5% do arcabouço fiscal) elimine o pouco que resta da credibilidade da nova regra. Isso porque o ajuste exigiria um corte muito significativo, e o governo já se mostrou pouco disposto à correção de rota.
Em entrevista ao Estadão na sexta-feira, 17, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou para o possível efeito na taxa de juros. “Dado que tem uma percepção de que a credibilidade fiscal está sendo questionada, se houver descasamento das políticas fiscal e monetária, o custo de desinflação é mais alto e isso pode significar juro mais alto por mais tempo“, resumiu.
Outro ponto em questionamento é o auxílio ao Rio Grande do Sul. A liberação de recursos para auxiliar os municípios gaúchos atingidos pela tragédia não tem impacto direto no cálculo das contas relativas à meta fiscal, mas pressiona a dívida pública.
No ambiente corporativo, notícias de que Lula pretende que a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, aprofunda a recompra de refinarias vendidas pela estatal a alguns anos e a retomada de investimentos em fábricas de fertilizantes devem continuar a castigar a avaliação dos investidores sobre a empresa. Desde a demissão do ex-presidente da estatal Jean Paul Prates a petroleira brasileira destruiu mais de 55 bilhões de reais de valor de mercado.
No cenário internacional, falas de membros do FED (Federal Reserve) e a Ata do Fomc (Comitê Federal do Mercado Aberto, na sigla em inglês) sobre a trajetória do juros deve continuar a orientar as taxas globais. Além disso, a notícia da morte do presidente do Irã, Ebrahim Raissi, aumenta temores de uma escalada nos conflitos da região.
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