Fazenda vê corte nos juros como “blindagem” do governo
O entendimento na pasta foi confirmado a O Antagonista, na tarde desta quinta-feira (1º), por fontes próximas a Haddad
Apesar de menor do que esperado, o corte na taxa básica de juros (Selic) repercutiu bem entre os auxiliares do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (foto em destaque).
A decisão unânime pela redução da taxa, o que não é uma novidade, foi interpretada, segundo os técnicos, como uma espécie de “blindagem” da equipe econômica.
O entendimento na pasta foi confirmado a O Antagonista, na tarde desta quinta-feira (1º), por fontes próximas a Haddad.
A análise é simples: cinco diretores do Banco Central foram indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e quatro pelo presidente Lula.
A consonância entre os diretores foi vista como uma sinalização de apoio ao que está sendo executado por Haddad.
Mesmo com a manutenção do ritmo de cortes indicada pelo Banco Central, a equipe econômica crê que será, possível, ainda no primeiro semestre, acelerar as reduções com dados futuros da conjuntura.
Lula só terá ter maioria no Comitê de Política Monetária (Copom) no início de 2025, quando encerram os mandatos de três diretores, entre eles, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
O Banco Central tem regime de mandatos desde 2021. O mecanismo impede influências do Executivo na autoridade monetária. Por isso, os mandatos são de 4 anos, mas não coincidem com a mudança de presidente da República.
O corte
A primeira reunião de 2024 do Copom do Banco Central terminou com mais um corte na taxa básica de juros (Selic). A redução foi de 0,5 ponto percentual.
Com isso, o patamar do indicador passou de 11,75% ao ano, para 11,25%. O menor patamar desde 2022.
Essa é a quinta queda consecutiva, desde que o ciclo de redução teve início, em agosto de 2023. A decisão foi unânime.
A decisão foi divulgada pela autarquia pouco após o fechamento dos mercados no início da noite esta quarta-feira (31).
A tendência, segundo o Banco Central, são novos cortes de 0,50 ponto percentual nos juros básicos do país nas próximas reuniões do Copom.
Efeito da inflação
Segundo o comitê, em seus cenários para a inflação, “permanecem fatores de risco em ambas as direções”.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.
Os riscos de uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada também está no radar do Copom. Além dos impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
“O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária”, salientou.
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