Expectativas se deterioram, e Focus projeta mais inflação e juros
Mercado está reticente com o desempenho do combate à inflação e projeta política monetária mais restritiva para os próximos meses
A piora na estimativas para a economia brasileira nos próximos anos continua a se refletir no Boletim Focus, do Banco Central. A publicação semanal consulta economistas e analistas de instituições financeiras com as projeções do mercado para variáveis econômicas como IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e taxa Selic.
Há quatro semanas consecutivas, os cerca de 150 consultados pela autoridade monetárias têm revisado para cima as expectativa para a inflação neste ano e no próximo. Para 2024, as estimativas para o IPCA passaram de 3,72% para 3,88% no período. Em 2025, a mediana das apostas passou de 3,64% para 3,77%.
O afastamento das projeções do mercado da meta de inflação de 3% é um dos motivos para a cautela adotada pelo BC para a Selic. Não por acaso, a própria publicação também tem calibrados as expectativas para a taxa básica de juros, que passou de 9,63% ao ano há quatro semanas para 10,25% a.a. agora.
A chamada desancoragem das expectativas de inflação foi um dos fatores citados pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião de maio, quando o colegiado decidiu reduzir o ritmo do corte nos juros de 0,50 ponto percentual para apenas 0,25 p.p.. De lá para cá, a deterioração do sentimento no mercado fez com que a curva futura de juros passasse a precificar uma situação ainda pior que a esperada no Boletim Focus para a Selic.
No mercado de juros futuros, os investidores precificam uma chance menor que 10% de um novo corte na taxa básica ainda este ano. Para o próximo ano, a curva prevê aumento nos juros de 1 ponto percentual, o que levaria a Selic dos atuais 10,50% a.a. atuais para 11,50% a.a..
No Boletim Focus, a projeção para a taxa básica no fim de 2025 também subiu, mas em níveis bem menos contracionistas que o precificado no mercado de juros. O relatório do BC aponta uma piora na expectativa de 9% para 9,18% nas últimas quatro semanas.
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