Ex-CEO sabia sobre fraude e atuava em busca de bônus, diz Americanas
Em três oportunidades, pelo menos, um grupo de diretores da varejista foram questionados especificamente sobre as operações de risco sacado (também conhecidas como forfait) e negaram a existência de quaisquer procedimentos nesse sentido. É isso que argumenta a defesa da empresa à Justiça de São Paulo...
Em três oportunidades, pelo menos, um grupo de diretores da varejista foram questionados especificamente sobre as operações de risco sacado (também conhecidas como forfait) e negaram a existência de quaisquer procedimentos nesse sentido. É isso que argumenta a defesa da empresa à Justiça de São Paulo.
A companhia reitera ter sido vítima da fraude e o desconhecimento do Conselho de Administração sobre as operações que resultaram em um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços da varejista. De acordo com o documento, o Comitê de Auditoria (órgão que assessora o Conselho de Administração) interpelou a Diretoria sobre o assunto e, sempre, recebeu uma negativa como resposta: “Não utilizamos“; “Não temos este tipo de transação na Companhia“; e “Continuamos sem nenhuma transação de forfait/convênio junto aos fornecedores“.
A Americanas apresenta cópias de conversas de whatsapp e emails da ex-Diretoria para demonstrar o conhecimento dos envolvidos sobre as operações, inclusive o de Gutierrez, e a discussão sobre estratégias para ocultar a fraude. Em uma das trocas de mensagens, por exemplo, um ex-diretor envia pergunta da conselheira Vanessa Lopes sobre a situação da empresa quanto ao risco sacado para avaliação do grupo. “Nos trimestres anteriores ela também perguntou e respondemos que não temos. Continuamos na mesma linha“, indaga. “Por mim, ok” e “sim”, respondem outros dois diretores.
A defesa da varejista tem buscado demonstrar que Miguel Gutierrez atuou como líder de um grupo intencionado a fraudar os resultados da empresa por benefícios financeiros. Segundo a defesa, o ex-CEO “e seus comandados drenaram ilicitamente centenas de milhões de reais da Companhia, fraudando seu resultado e com isso recebendo bônus e dividendos“.
No texto de 39 páginas apresentado à Justiça, a Americanas também acusa o banco Bradesco e Gutierrez de conluio para atacar a empresa e tentar buscar criminalizar o Conselho de Administração.
A disputa de narrativas, no entanto, devem se estender por muito tempo ainda. Em depoimento recente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e à Polícia Federal, o ex-CEO Miguel Gutierrez coloca mais lenha na fervura. O ex-diretora acusa Carlos Alberto Sicupira (um dos três acionistas de referência da varejista ao lado de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles) de ter conhecimento da fraude e a atual gestão da empresa de tentar blindar o trio de bilionários.
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