Ex-CEO das Americanas está entre os alvos da PF
Vivendo no exterior, Miguel Gutierrez é considerado foragido; o outro mandado de prisão foi expedido para sua ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali
O ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutierrez (foto) é um dos alvos da Operação Disclosure, deflagrada nesta quinta-feira, 27, pela Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, para apurar fraudes que chegam a 25,3 bilhões de reais na varejista.
A 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro também expediu um mandado de prisão preventiva para Anna Christina Ramos Saicali, uma de suas ex-diretoras na empresa.
Como ambos estão no exterior e não foram localizados, eles são considerados foragidos e seus nomes serão incluídos na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados do mundo.
Miguel Gutierrez e o rombo das Americanas?
Alvo da PF, Miguel Gutierrez ficou oficialmente à frente da Americanas até dezembro de 2022, quando foi substituído por Sergio Rial, ex-CEO que ficou apenas nove dias no cargo e revelou a existência de “inconsistências contábeis” de 20 bilhões de reais.
No ano em que o escândalo eclodiu, ele se mudou para a Espanha, enquanto as investigações eram realizadas no Brasil.
Um inquérito produzido por um comitê independente apontou Gutierrez como mentor do esquema que levou as Americanas à recuperação judicial.
Documentos enviados pela empresa ao Congresso, durante a CPI da Americanas, alegam que o ex-CEO e membros de sua diretoria falsificaram contratos publicitários e ocultaram empréstimos para esconder dívidas da empresa e aumentar os lucros.
Em depoimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Polícia Federal, Gutierrez afirmou que nenhuma decisão importante era tomada sem a aprovação de Carlos Alberto Sicupira, um dos três acionistas de referência da varejista, ao lado de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles.
Ele também acusou a atual gestão da companhia tenta blindar o trio de bilionários.
Em carta à CPI que investigou o rombo nas Americanas, Miguel Gutierrez afirmou que se tornou um “conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”.
Operação Disclosure
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 27, em conjunto com o Ministério Público Federal, a Operação Disclosure para investigar fraudes que chegam a 25,3 bilhões de reais nas Lojas Americanas.
Por determinação da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, 80 agentes da PF cumprem dois mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão contra ex-executivos da varejista.
A Justiça também ordenou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores investigados por fraudes contábeis que somam mais de meio bilhão de reais.
“Os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste em uma operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos”, afirmou a Polícia Federal, em comunicado.
“Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que consistem em incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram”, acrescentou.
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