Ex-CEO da Americanas diz ser ‘bode expiatório’ para proteção de ‘figuras poderosas’
Em carta à CPI que investiga o rombo na Americanas (foto), Miguel Gutierrez, ex-CEO da companhia, afirma que se tornou um "conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”...
Em carta à CPI que investiga o rombo na Americanas (foto), Miguel Gutierrez, ex-CEO da companhia, afirma que se tornou um “conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”. Ele acusou os acionistas de referência da varejista —Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles— de participarem ativamente da gestão financeira da companhia.
A carta de Gutierrez foi enviada à CPI por seus advogados na última sexta (1º) e obtida pelo jornal Valor Econômico.
O executivo não compareceu à comissão quando foi convocado: disse estar em tratamento médico na Espanha. Segundo o Valor, ele pediu para ser ouvido por videoconferência, mas o pedido foi negado pela cúpula da CPI —que deve ser encerrada no próximo dia 14 sem ouvi-lo e sem ouvir o trio de acionistas de referência.
Na carta, Gutierrez afirma querer ajudar o colegiado a “encontrar a verdade e desfazer as cortinas de fumaça que estão sendo erguidas por grupos que deveriam estar lutando pela sua salvação, mas cuja prioridade é proteger seus próprios interesses, seu patrimônio e a sua reputação”.
O executivo nega que tenha havido fraude contábil na Americanas —apontada pelo atual CEO da companhia, Leonardo Coelho Pereira, e atribuída à antiga diretoria. Ele acusou Pereira de querer “desviar o foco da investigação [da CPI] para longe dos acionistas controladores”.
Depoimentos como o do ex-CEO Sergio Rial afirmam que Lemann, Sicupira e Telles não tinham conhecimento da fraude contábil na empresa, que deixou um rombo estimado em cerca de R$ 45 bilhões.
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