Entenda a inversão da curva e como ela afeta a sua vida
Um dos assuntos mais comentados ontem nos noticiários e nas mídias sociais foi a tal da inversão da curva norte-americana. Porém, apesar de explorado, acredito que poucos são os leitores que já conheciam esse fenômeno, o que me incentivou a escrever este artigo…
Um dos assuntos mais comentados ontem nos noticiários e nas mídias sociais foi a tal da inversão da curva norte-americana. Porém, apesar de explorado, acredito que poucos são os leitores que já conheciam esse fenômeno, o que me incentivou a escrever este artigo…
É intuitivo supor que um investimento de longo prazo deveria, por padrão, ter um rendimento superior a um de curto prazo. Não só porque nos ativos de longo prazo você ficará “preso” por mais tempo até que receba seu pagamento, mas porque até seu vencimento, muitas coisas podem acontecer e comprometer a capacidade de quem recebeu o seu investimento em te pagar de volta. Como exemplo disso podemos citar desastres naturais, crises financeiras, políticas e até mesmo guerra.
É por isso que um dos ativos mais investidos e negociados hoje são os títulos soberanos. Eles são a principal forma de os países se financiarem. Eles emitem dívida para o mercado e utilizam esses recursos para fazer investimentos no país. Dado que quem está emitindo tal título é um país, e não uma pessoa ou uma empresa, a probabilidade de um evento afetar a sua capacidade de pagamento é altamente mitigada, já que ele tem o controle sobre a emissão de sua moeda.
Dos títulos soberanos globais, o dos Estados Unidos é o mais popular. Além de possuírem a maior e mais desenvolvida economia do mundo, a sua moeda é a de referência para trocas e para preços de ativos globais.
Voltando ao conceito da inversão da curva americana, esse fenômeno acontece quando a rentabilidade de um título soberano dos Estados Unidos com um vencimento de 2 anos, considerado de curto prazo, passa a pagar mais que um título com vencimento de 10 anos, um de longo prazo.
Se lembra que falei que o rumo natural das coisas é que essa relação fosse oposta e que o título de 10 anos deveria pagar mais que o de 2? Bem, quando a inversão dessa lógica acontece, nós a chamamos de inversão da curva de juros.
Para nós, brasileiros, isso importa porque existe uma grande relação histórica entre a inversão da curva com o início de uma recessão em um horizonte de 12 a 24 meses. E como sabemos, uma recessão por lá tende a nos afetar, seja direta ou indiretamente.
Fonte: FRED
Na linha azul do gráfico acima você consegue ver o comportamento diferente das rentabilidades pagas entre os títulos americanos de 10 e 2 anos, desde 1976, assim como, hachurado em cinza, as recessões pelas quais os EUA já passaram.
Perceba que de 1976 para cá, sempre que essa linha cruza para o campo negativo, ela está precedendo uma recessão. Isso aconteceu no início dos anos 2000, antecedendo a recessão de 2001, em 2006, precedendo a recessão de 2008 – 2009 e até, por coincidência ou não, brevemente em 2019, precedendo a recessão de 2020.
Agora, antes que se assuste, é importante reforçar que isso é apenas um indicativo que, apesar de ter sido historicamente bem acertado, não deve ser tomado como verdade absoluta, mas como uma luz amarela em seu radar.
Uma outra relação, que fez previsões tão acertadas quanto a inversão de 10 com 2 anos, foi a relação dos títulos com vencimento de 10 anos e de 3 meses. Apesar dessa curva ainda não ter invertido, sugiro que a acompanhe em seu painel de cotações, pois ela pode ser a próxima pista.
Nícolas Merola, CNPI
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