O crescimento do emprego nos Estados Unidos durante a maior parte do ano passado foi revisado para baixo. A revisão anual preliminar realizada pelo BLS (Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos, na sigla em inglês) apontou uma redução de 818 mil empregos em relação às estimativas iniciais para o período de 12 meses terminados em março de 2024.

Na média, ao longo desse período, a criação líquida de empregos ficou em cerca de 68 mil postos a menos por mês que o esperado. Essa é a maior revisão promovida pelo BLS em 15 anos.

Antes do relatório, os números iniciais do BLS indicavam que os negócios americanos haviam adicionado 2,9 milhões de empregos no período, ou uma média de 242 mil por mês. Agora, a taxa mensal é mais provável de ser em torno de 174 mil.

A desaceleração mais forte que a esperada para o mercado de trabalho americano complica a posição do FED (Federal Reserve). Durante muito tempo, o aquecimento no emprego americano foi apontado pelo presidente da autoridade monetária americana, Jerome Powell, como um dos motivos para a manutenção da taxa básica de juros em patamares mais restritivos.

A revisão pode reacender a preocupação de que o mercado de trabalho está se deteriorando muito mais rápido do antecipado e, dessa forma, o FED estaria muito atrasado no processo de relaxamento da política monetária, com redução de juros.

Metodologia de Revisão

O BLS é uma agência do Departamento do Trabalho dos EUA e divulga mensalmente estimativas sobre a variação no número de empregos no setor privado não agrícola para o mês anterior, com base em uma pesquisa realizada com uma amostra de empresas. Posteriormente, dados mais detalhados provenientes dos registros de impostos sobre desemprego dos estados se tornam disponíveis. O BLS então utiliza essas informações mais abrangentes para revisar as estimativas iniciais de geração de empregos.

Anualmente, o BLS fornece uma estimativa preliminar em agosto sobre a revisão do período de 12 meses encerrado em março do ano anterior. Essa projeção inicial é baseada em uma comparação entre os dados de emprego de março coletados pela pesquisa mensal e aqueles apurados pelo QCEW. Seis meses depois, em fevereiro, o BLS divulga a revisão final para o mesmo intervalo.