Embaixador dos EUA, sobre 5G do Brasil: “Selecione seus parceiros com cuidado”
O embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, disse nesta quinta (22) que o Brasil deve "selecionar seus parceiros com cuidado" na escolha das tecnologias 5G. Em café da manhã com jornalistas na residência oficial, Chapman citou a recente viagem do ministro Fábio Faria aos EUA, e disse, sem citar a China diretamente...
O embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Todd Chapman, disse nesta quinta (22) que o Brasil deve “selecionar seus parceiros com cuidado” na escolha das tecnologias 5G.
Em café da manhã com jornalistas na residência oficial, Chapman citou a recente viagem do ministro Fábio Faria aos EUA, e disse, sem citar a China diretamente:
“Como o Brasil é um aliado econômico, e como nós somos os maiores investidores aqui – de longe – é de extrema importância a segurança econômica nacional do Brasil para um aliado, um amigo, como o Brasil é para os Estados Unidos. Por isso, sempre falamos sobre o 5G. Agora, quais são os fundamentos da conversa? Um, segurança econômica nacional. Em quê você quer estabelecer a nova economia, sobre qual plataforma. E sobre quais princípios. Princípios de liberdade, de abertura, de usar tecnologia para liber[t]ar pessoas ou para reprimir pessoas. E se são de empresas que são abertas, que são com auditoria, que todos podem olhar – esse é o tipo de futuro que você quer? Ou você quer com uma empresa que opera debaixo de regras de países autoritários, onde eles são obrigados pela lei de entregarem informação de qualquer forma para eles? Roubando propriedade intelectual. Essa é a decisão que têm que fazer. E se vai usar tecnologia da (sic) ponta, onde está sendo criada essa tecnologia, ou lá onde eles têm uma tradição de roubo de propriedade intelectual”.
O Conselho Diretor da Anatel aprovou o edital do leilão do 5G em fevereiro. O texto está sob análise do TCU e por isso ainda não há data para o leilão ser realizado. As participantes do leilão serão as operadoras (como Claro, Vivo, etc.) e não as fornecedoras de tecnologia (como Huawei, Nokia e Ericsson).
“Então só alertando [um] amigo que tem esses perigos para você. E para o Brasil. Então, essa conversa vai continuar, mas esse é um – compartilhando (sic) informação de um amigo para o outro”, acrescentou o embaixador. Ele também havia usado o termo ‘compartilhar informação’ para se referir à viagem da comitiva chefiada por Fábio Faria.
“Primeira coisa que tem que pensar é: selecione seus parceiros com cuidado. E sabendo toda a história, toda a história. Ninguém vai começar uma nova empresa com um parceiro que entrando sabe que não é confiável. Eu acho esse um princípio fundamental. Para mim, seria”, continuou Chapman.
“Cada nação vai fazer sua própria decisão de como eles querem avançar nesse tema. Estamos vendo muitos modelos diferentes no mundo. Mas todos com a intenção de garantir a segurança econômica e também da segurança nacional de seu país. [A] Austrália fez sua decisão. [A] Inglaterra fez – um pouco diferente. [A] Alemanha fez, mas um pouco diferente. Então, tem muitos modelos (…) O Brasil vai seguir o seu próprio caminho. Mas eu espero, como amigo do Brasil, que os princípios que vão implementar nessa decisão são (sic) feitos pensando na confiabilidade dos seus parceiros (…) Em quem você vai confiar? Eu acho essa uma questão central na vida, nas relações diplomáticas, também na economia”.
“Claro que é sua decisão (…) A grande maioria dos membros da OCDE já fizeram sua resposta. Eles todos estão errados? Eles todos não sabem o que é melhor para sua economia?”.
Questionado sobre o escândalo da NSA, revelado por Edward Snowden em 2013, Chapman disse que foi “um tempo muito difícil” e que o assunto “foi no passado”. “Eu acho que estamos em outro momento”.
As revelações de Snowden mostraram que o governo dos EUA mantém um amplo programa de vigilância no mundo inteiro, de cidadãos americanos e estrangeiros.
No mês passado, Chapman anunciou sua aposentadoria. Ele está de saída do Brasil e deixa o país no fim de semana. A embaixada será comandada interinamente pelo ministro-conselheiro Douglas Koneff até que o presidente Biden indique, e o Senado aprove, um novo embaixador.
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