Desconfiança: juros futuros sobem antes de orçamento de 2025
Receios sobre Orçamento da União com números poucos condizentes com a realidade tem impulsionado desconfiança do mercado
Receios com um Orçamento novamente cheio de receitas superestimadas e despesas subestimadas tem atormentado os investidores locais. A desconfiança aumentou após a coletiva de imprensa convocada pelo Planejamento para apresentar as medidas para o corte de despesas do ano que vem não trazer novidade e poucas alternativas práticas.
Além disso, a necessidade do indicado de Lula à Presidência do BC de construir credibilidade em torno de si está pesando nas apostas sobre o rumo da Selic nos próximos meses. Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da autoridade monetária e substituto de Roberto Campos Neto a partir do ano que vem, tem dito que vai manter uma postura austera no combate a inflação e, por vezes, citou o desequilíbrio fiscal do governo Lula como fonte de preocupação.
O Ministério do Planejamento prometeu enviar a proposta de orçamento do ano que vem para o Congresso Nacional nesta sexta-feira, 29, mas a incredulidade do mercado financeiro não quis pagar para ver as contas do governo. Os juros futuros se elevaram sensivelmente no dia e a precificação da curva futura aponta para 76% de chances de uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic em setembro.
As opções de Copom da B3 também sentiram o efeito do mau humor dos investidores. As apostas na manutenção da taxa básica de juros no patamar atual de 10,50% ao ano na reunião do mês que vem do BC foram para 14,50%, o menor nível desde julho. Enquanto isso, um aumento de 0,50 p.p. passou a figurar como a maior probabilidade para o desfecho da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), com 43% de chances.
Na bolsa de valores, o Ibovespa, prinicpal índice acionário brasileiro, também sentiu o clima de aversão a risco e encerrou o dia com apenas 8 das 84 ações que compõem o indicador no positivo. As maiores contribuições em pontos para a queda de 0,95% do índice ficaram com Itaú (-1,10%), Eletrobras (-1,76% ON; -1,25% PNA) e Petrobras (-0,68% PN; -1,18% ON).
As maiores baixas, no entanto, ficaram com empresas do setor imobiliário e consumo, historicamente sensíveis a taxas de juros mais elevadas. A maior queda das sessão ficou com as ações da Azul (-24,14%), após notícias sobre um possível pedido de recuperação judicial da empresa aérea nos Estados Unidos (Chapter 11). A companhia negou a informação.
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