Deflação é pontual, mas ciclo de inflação deve desacelerar
Economistas ouvidos por O Antagonista nesta quarta-feira (24) apontam que o IPCA-15, divulgado mais cedo pelo IBGE e que indicou deflação de 0,73% na prévia dos preços de agosto, é um alívio pontual, causado por uma forte intervenção do poder público...
Economistas ouvidos por O Antagonista nesta quarta-feira (24) apontam que o IPCA-15, divulgado mais cedo pelo IBGE e que indicou deflação de 0,73% na prévia dos preços de agosto, é um alívio pontual, causado por uma forte intervenção do poder público, e que tem prazo para acabar. No curto e médio prazo, uma inflação persistente, mas em desaceleração, deve retornar.
O professor Ricardo Hammoud lembra que apenas três dos nove grupos de preços tiveram recuo de acordo com o IBGE – neles, predominam os chamados “preços administrados”, onde o governo tem maior poder de atuação por meio de subsídios e impostos.
“Não estamos com cenários de deflação”, disse o professor de economia do IBMEC. “É uma deflação pontual, muito impulsionada pelo corte de tributos em certos setores.”
Foi o caso dos combustíveis, que acentuaram uma queda registrada em julho e puxaram a deflação pra baixo, motivado pelo corte de preços na Petrobras. Já na energia, a queda foi causada por ajustes feitos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Hammoud aposta que tais deflações tem fôlego curto e, quando perderem o efeito, serão engolidos pelos chamados “preços livres”, que são regulados pelo mercado e que continuam em escalada – como é o caso dos alimentos. “Não teremos deflação, mas uma desaceleração da inflação”, diz.
O economista-chefe da Terra Investimentos, João Maurício Lemos Rosal, lembra que a deflação era abaixo do que a agência e o mercado esperavam – agentes esperavam uma redução com mediana de 0,82%. O aumento no preço dos alimentos, e principalmente do leite e seus derivados, foi determinante na conta.
“Players deste mercado reportam que apenas por volta de outubro as importações de leite e queijo abastecerão o mercado o suficiente para estabilizar os preços”, disse Rosal. A agência prevê -0,23% no consolidado de agosto, e uma inflação anual de 6,7%, abaixo da média dos últimos 12 meses mas ainda sim acima da meta do Banco Central.
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