Correndo atrás do mercado
Durante anos, após a implementação do Plano Real, nós aqui no Brasil nos acostumamos com níveis baixos de inflação...
Durante anos, após a implementação do Plano Real, nós aqui no Brasil nos acostumamos com níveis baixos de inflação.
Houve momentos de exceção, é claro, quando, após o ataque especulativo ao real (final dos anos 1990), o governo FHC abandonou a meta de bandas cambiais ligeiramente ascendentes e adotou a política de dólar flutuante.
Mais tarde, em 2002, a administração ainda era Fernando Henrique, mas o mercado já vivia uma provável gestão Lula, que acabou se confirmando.
Durante o (des)governo Dilma, a coisa desandou. Mas uma política austera do sucessor, Michel Temer, com Ilan Goldfajn no BC, repôs as coisas nos eixos.
Durante quase todo esse tempo, o mundo desenvolvido conviveu com níveis de inflação próximos de zero.
Os bancos centrais se acostumaram, alguns praticaram taxas negativas, outras zero mesmo, como no caso do FED, e julgaram que isso duraria para sempre.
Só que surgiu a Covid-19, trazendo a reboque, entre outras coisas, farta distribuição de dinheiro aos cidadãos, acumulada com falta de insumos, tudo isso agravado com a guerra russo-ucraniana.
Pois bem, parece que os bancos centrais não perceberam que estamos vivendo um cenário parecido com o da década de 1970 e início dos anos 1980 e continuam trabalhando com metas inflacionárias inexequíveis.
Como o mercado financeiro não trabalha com metas, e sim com a realidade do dia a dia, os BCs estão correndo atrás dele, sem alcançá-lo.
Outro grupo que se mira na realidade, e não nos planos dos burocratas, é o dos sindicatos fortes.
Greves estão começando a pipocar nos países desenvolvidos. Elas são fatores realimentadores da inflação.
Sugiro que, ao invés de se debruçar nos comunicados dos BCs, os investidores, especuladores, traders e gestores prestem mais atenção ao que os mercados estão revelando.
Um forte abraço,
Ivan Sant’Anna
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