Consultoria da Câmara estima bloqueio de R$ 41 bilhões no orçamento
Esse seria o tamanho do contingenciamento necessário se meta de déficit zero permanecer nos planos da Fazenda
Estudo realizado pela consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados revelou que o governo brasileiro precisará bloquear 41 bilhões de reais em despesas públicas na primeira revisão do ano, prevista para ocorrer em 22 de março. Essa medida se faz necessária para que seja alcançada a meta de déficit zero, prometida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O governo, no entanto, acredita em outra matemática. Na segunda-feira passada, 4, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu que o crescimento da arrecadação nos meses de janeiro e fevereiro surpreendeu e defendeu que um contingenciamento acima de 25,9 bilhões reais pode ser adiado para a próxima avaliação orçamentária em maio.
O cálculo apresentado pelos consultores da Câmara foi feito a pedido do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), vice-líder do governo. O parlamentar foi relator do projeto de lei que instituiu a cobrança de tributos sobre fundos de investimentos exclusivos e offshore, e tem defendido um contingenciamento a altura do objetivo de zerar o déficit primário neste ano.
O problema, no entanto, está na chamada ala política do governo, que defende um contingenciamento máximo em torno de 25 bilhões de reais. O próprio presidente Lula tem afirmado que não permitirá um bloqueio muito significativo das despesas do governo.
Desde o último trimestre do ano passado, o mercado financeiro acredita que em um déficit muito além da meta defendida por Haddad e relutantemente tolerada por Lula. De acordo com o boletim Focus, por exemplo, a mediana das expectativas dos economistas e analistas consultados pelo Banco Central indica um déficit de 0,78% do PIB (Produto Interno Bruto) ao final de 2024.
Em ano de eleições municipais e com a popularidade em queda, as chances de o presidente abandonar a meta para garantir desembolsos durante o primeiro semestre deste ano tem crescido conforme os dias passam.
Haddad deve estar preparado para botar a viola no saco e aceitar a derrota.
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