Campos Neto nega que tenha indicado mudanças no ritmo de cortes da Selic
Em evento realizado em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que não fez qualquer declaração sugerindo que a probabilidade de desacelerar os cortes da taxa básica Selic para 0,25 ponto percentual era maior do que acelerar para 0,75 ponto percentual...
Em evento realizado em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que não fez qualquer declaração sugerindo que a probabilidade de desacelerar os cortes da taxa básica Selic para 0,25 ponto percentual era maior do que acelerar para 0,75 ponto percentual. Segundo ele, houve uma interpretação equivocada sobre suas falas durante uma viagem recente ao Marrocos.
Campos Neto explicou que a interpretação incorreta surgiu a partir de uma discussão sobre o balanço de riscos e as probabilidades de corte da Selic. O presidente do BC afirmou que em nenhum momento mencionou que uma probabilidade era maior do que a outra. “Eu, em nenhum momento, falei nada, nem remotamente parecido com o que foi interpretado”, disse sobre as conversas em Marrakech que geraram o que chamou de “ruído”.
O presidente da autoridade monetária destacou que houve uma piora adicional no cenário internacional, um dos fatores considerados pelo Banco Central no balanço de riscos. Essa piora diminuiu a probabilidade de um corte de 75 pontos-base da Selic, mas não significaria que as chances de um corte de 25 pontos-base sejam maiores.
Ele reiterou a posição atual do BC de que o corte de 50 pontos-base da Selic é o ritmo adequado. Ressaltou ainda que, se em algum momento fosse dar uma mensagem como essa (de redução do ritmo de cortes), seria em uma reunião aberta, onde todos pudessem ter acesso às informações ao mesmo tempo.
Durante a fala, o presidente do Banco Central destacou também que os núcleos de inflação no Brasil têm apresentado surpresas positivas e que a inflação está se comportando melhor do que a média global. Segundo ele, os preços administrados estão em alta, enquanto a alimentação no domicílio parece estar se estabilizando.
Ao abordar o cenário nos Estados Unidos, Campos Neto destacou que atualmente todas as atenções estão voltadas para a precificação da curva de juros norte-americana. Ele ressaltou que os rendimentos dos Treasuries (título públicos americanos) têm aumentado, especialmente nos contratos de prazo mais longo, devido à percepção de que o país manterá juros elevados por mais tempo.
O presidente do BC levantou a questão sobre se parte desse aumento nas taxas dos títulos norte-americanos está relacionado às preocupações com a área fiscal dos EUA. Ele pontuou que a rolagem da dívida pública está mais cara atualmente nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, em comparação com o período pré-pandemia, o que afeta a liquidez disponível para os países emergentes.
Campos Neto ressaltou que o efeito da retração da liquidez é significativo e levantou questionamentos sobre qual será o impacto disso. Ele afirmou que essa é uma questão relevante a ser considerada pelos países emergentes.
O presidente do Banco Central encerrou a participação reforçando que as decisões do BC serão baseadas na análise das variáveis e que, caso haja mudanças relevantes, elas serão comunicadas de forma transparente. No momento, porém, a perspectiva atual não indica alteração no ritmo de cortes da Selic.
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