Bolsonaro ‘se acha o dono da Petrobras’
Roberto Castello Branco (foto), demitido da Petrobras por ter resistido ao assalto de Jair Bolsonaro, que queria baratear na marra os combustíveis, disse para o Estadão: “O governo se acha o dono da Petrobras, o presidente da República diz que ele é o dono da empresa...
Roberto Castello Branco (foto), demitido da Petrobras por ter resistido ao assalto de Jair Bolsonaro, que queria baratear na marra os combustíveis, disse para o Estadão:
“O governo se acha o dono da Petrobras, o presidente da República diz que ele é o dono da empresa e quer proceder como tal, desobedecendo regras e regulações. Esta é uma confusão que políticos fazem, que o dono da Petrobras é o governo. Não, não é o governo. É o Estado brasileiro, a sociedade, somos todos nós. Por isso, não faz sentido tirar dinheiro da Petrobras para subsidiar o consumo de combustíveis por determinados grupos. Aliás, isso é até antidemocrático, porque é uma política pública praticada sem aprovação do Congresso Nacional. Além de equivocado do ponto de vista econômico, fere a democracia.”
Ele elogiou a faxina que a Lava Jato fez na estatal:
“A operação Lava Jato teve o grande mérito de estancar o processo de corrupção na Petrobras. De outra forma, a Petrobras caminhava a passos largos para se tornar uma companhia semelhante à PDVSA, uma empresa que, em 2003, produzia 3 milhões de barris de petróleo por dia e hoje produz menos de 500 mil. Este seria o destino da Petrobras. A operação Lava Jato restituiu para a Petrobras R$ 4,6 bilhões em dinheiro roubado que foi devolvido por alguns dos corruptos que foram presos. Agora, algumas pessoas dentro da Petrobras exageraram nesta questão. Por falhas da direção anterior, criou-se um regime de desconfiança entre os funcionários. Procurei combater isso e acho que tive sucesso.”
Ele falou também sobre as pressões dos bolsonaristas:
“Houve alguns pedidos relacionados a gastos com publicidade e à nomeação de pessoas, que eu rejeitei. Comuniquei não só aos meus diretores, mas ao conselho de administração. No fundo, essas coisas contribuíram para me desgastar junto ao governo, mas não me arrependo um milímetro do que fiz. Acredito que fiz a coisa certa, para proteger a integridade da companhia.”
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