Boeing pagará US$ 150 mi à Embraer por quebra de contrato
Fabricante brasileira defendia que rescisão de contrato pela Boeing em 2020 foi indevida e baseada em alegações falsas
A Embraer anunciou que a Boeing pagará 150 milhões de dólares (cerca de 825 milhões de reais) à fabricante brasileira, após a conclusão de um processo de arbitragem relacionado ao cancelamento de um acordo de compra da divisão de jatos comerciais da Embraer. O processo de arbitragem, iniciado em 2020, foi finalizado com o pagamento estipulado e comunicado pela brasileira ao mercado em Fato Relevante na manhã da segunda-feira, 16.
O cancelamento do negócio bilionário
O acordo entre Embraer e Boeing foi anunciado em 2018 e avaliava a criação de uma joint venture na aviação comercial, avaliada em 5,2 bilhões de dólares. A Boeing ficaria com 80% da nova empresa, enquanto a Embraer manteria os 20% restantes. No entanto, em 2020, a Boeing rescindiu unilateralmente o contrato, alegando que a Embraer não havia cumprido certas condições necessárias para o fechamento da transação.
A Embraer defendeu que a rescisão foi “indevida” e moveu a ação arbitral, argumentando que a Boeing usou falsas alegações para justificar o rompimento, uma vez que a empresa americana enfrentava problemas financeiros devido à crise do principal produto, o Boeing 737 MAX, e à pandemia de Covid-19, que impactou fortemente o setor aéreo.
A solução em Nova York
O processo arbitral foi conduzido em Nova York, fórum habitual para disputas internacionais desse porte. A decisão exige o pagamento de 150 milhões de dólares à Embraer, uma compensação pelas perdas com o cancelamento da joint venture. A Embraer havia informado ao mercado um impacto de cerca de 980 milhões de reais em despesas relacionadas à reestruturação para o negócio com a Boeing.
A fabricante americana declarou estar satisfeita com o encerramento da disputa e reforçou a parceria de longa data com o Brasil, afirmando que espera continuar contribuindo para o desenvolvimento da indústria aeroespacial brasileira.
Impacto nas ações e situação atual das empresas
As ações da Embraer chegaram a cair mais de 5% na Bolsa de Valores de São Paulo após o anúncio do acordo, cotadas abaixo de 50 reais nas primeiros horas de negócios. Os papéis da fabricante americana operavam próximos à estabilidade em Wall Street, cotados a 156,84 dólares.
Atualmente, a Boeing enfrenta uma série de desafios, incluindo problemas com a qualidade de produção das aeronaves e crises reputacionais, enquanto a Embraer segue buscando expandir a atuação no mercado de jatos regionais e aviação executiva. Ambas as empresas continuam como atores-chave no setor aeroespacial global, com a Boeing sendo uma das maiores fabricantes de aviões do mundo, ao lado da Airbus.
Futuro da parceria Brasil-EUA no setor aéreo
Mesmo com o fim do acordo de joint venture, a Boeing continua investindo em projetos no Brasil, principalmente na área de combustíveis sustentáveis, como o SAF (Sustainable Aviation Fuel), buscando aproveitar a expertise brasileira em biocombustíveis para fortalecer iniciativas ecológicas.
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