Banco Central indica que será mais conservador com os juros até 2023
Ao abandonar a responsabilidade fiscal, o governo Jair Bolsonaro pressionou a inflação e as expectativas do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentaram. Com isso, o Comitê de Política Monetária (Copom) concluiu que o "ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário básico". Na prática, o Banco Central sinalizou na ata do Copom que será mais conservador com os juros em 2022 e 2023...
Ao abandonar a responsabilidade fiscal, o governo Jair Bolsonaro pressionou a inflação e as expectativas do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentaram. Com isso, o Comitê de Política Monetária (Copom) concluiu que o “ciclo de aperto monetário deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário básico”. Na prática, o Banco Central sinalizou na ata do Copom que será mais conservador com os juros em 2022 e 2023.
Ao sinalizar uma postura “contracionista”, o Copom pode subir a Selic para níveis maiores que o esperado no seu cenário base, manter os juros altos por mais tempo ou fazer as duas coisas. A estimativa inicial do BC prevê que taxa chegaria a 11,75% durante 2022, terminando o ano em 11,25%, e reduz-se para 8,00% em 2023.
O economista Livio Ribeiro, sócio da consultoria BRCG, afirmou que o BC deu uma mensagem clara para o mercado, que prevê, por meio da curva de juros futuros, queda da Selic a partir de setembro de 2022. Segundo ele, o Copom foi claro ao afirmar que subirá os juros para um nível maior do que esperado incialmente por parte dos analistas e deixará a taxa nesse patamar por mais tempo.
“Os juros em 11,75% passarão a ser o piso das apostas. A ata da decisão de política monetária de dezembro cristalizou que o Banco Central pretende utilizar uma estratégia de ‘higher for longer’, na qual os juros sobem a um patamar superior a 11,75% e permanecem em níveis mais elevados do que os precificados pelo mercado por mais tempo. Houve debate sobre um ritmo mais intenso nesta reunião versus a manutenção de uma Selic média mais elevada por mais tempo, optando-se pela segunda estratégia”, disse Ribeiro.
Segundo o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, a ata indica que o BC planeja levar a Selic para a casa dos 12% e manter a taxa em patamar em patamar contracionista por um período prolongado.
“Isso claramente contraria as expectativas de que o Copom possa realizar cortes de juros já no final de 2022. Por enquanto, esperamos que as autoridades encerrem o ciclo de alta em março, com a Selic em 11,75%, mas os riscos vão na direção de juros mais elevados”, afirmou Mesquista.
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