“Arcabouço fiscal piorou com a proposta de reduzir impostos de combustíveis”
A proposta de reduzir os impostos federais de combustíveis sem a necessidade de compensação é mais sinalização de que o governo fragilizou o arcabouço fiscal, que antes buscava um robusto reequilíbrio das contas públicas. A afirmação é do economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso (foto), em entrevista a O Antagonista...
A proposta de reduzir os impostos federais de combustíveis sem a necessidade de compensação é mais sinalização de que o governo fragilizou o arcabouço fiscal, que antes buscava um robusto reequilíbrio das contas públicas. A afirmação é do economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso (foto), em entrevista a O Antagonista.
“Quando a gente avalia o todo, o arcabouço fiscal piorou. Com mais essa medida, piora ainda mais. Agora, temos que entender a extensão da medida e os efeitos práticos. Isso não está claro. Isoladamente, a proposta não é uma mudança de arcabouço. Mas quando somarmos com a PEC dos Precatórios, a situação ficará pior”, disse.
Para o economista, além de enfrentar questões fiscais, o governo sofrerá com mais um ano de inflação alta, próxima de 5%.
“Aqui, teremos uma inflação próxima de 5% e uma estabilidade no PIB. Os desafios econômicos brasileiros são grandes e não são triviais”, afirmou.
Leia abaixo a íntegra da entrevista:
A proposta do governo de reduzir impostos de combustíveis e da energia sem compensação significa o abandono da responsabilidade com as contas públicas?
Isso não é uma mudança do arcabouço fiscal. Mas é uma medida no sentido contrário ao desejável. A proposta vai em uma direção questionável da politica econômica. É ruim fazer isso de forma atabalhoada ou oportuna. A proposta do governo é um fato que sinaliza que o arcabouço fiscal é mais maleável. Se é mais maleável, também é mais frágil.
Mas se somarmos essa proposta com as que já foram tomadas é possível dizer que a situação fiscal está pior?
Quando a gente avalia o todo, o arcabouço fiscal piorou com a proposta de reduzir impostos de combustíveis. Com mais essa medida, piora ainda mais. Agora, temos que entender a extensão da medida e os efeitos práticos. Isso não está claro. Isoladamente, a proposta não é uma mudança de arcabouço. Mas quando somarmos com a PEC dos Precatórios, a situação ficará pior.
O processo eleitoral já contaminou o mercado?
Ainda não. É um dos temas que é observado, mas ainda não é o tema central. A questão da PEC dos combustíveis pode fazer um link, mas ainda é um tema de governo. As decisões do presidente Jair Bolsonaro e os discursos do Lula fazendo sinalizações que buscará um governo de centro são ingredientes nesse processo. Mas as eleições ainda não são o ponto central.
A inflação global será um problema, como disse o ministro Paulo Guedes durante evento evento Fórum Econômico mundial?
Não dá para generalizar. Se a gente fizer uma análise regionalmente, perceberemos que a inflação mais persiste é observada nos Estados Unidos e no Brasil. O Federal Reserve, o Banco Central americano, está ajustando o discurso para subir os juros. Por aqui, o Banco Central já aumentou bastante os juros. Em outras regiões, a inflação dá sinais de arrefecimento.
E o crescimento econômico? Será afetado com a essa inflação?
Em 2022, nos Estados Unidos o crescimento deve ficar entre 3% e 4%. É um crescimento invejável para os parâmetros brasileiros. Aqui, teremos uma inflação próxima de 5% e uma estabilidade no PIB. Os desafios econômicos brasileiros são grandes e não são triviais.
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