André Lara Resende inaugura a batalha pelo Banco Central
Uma das principais referências intelectuais do próximo governo, o economista André Lara Resende disparou contra a política monetária atual em artigo publicado nesta segunda-feira...
Uma das principais referências intelectuais do próximo governo, o economista André Lara Resende disparou contra a política monetária atual em artigo publicado nesta segunda-feira. De acordo com ele, a estratégia comumente adotada no mundo para o combate à inflação estaria errada e seria utilizada para prejudicar as classes mais baixas e favorecer os mais ricos.
Resende argumenta que isso teria ficado claro com a resistência do mercado financeiro à PEC da Gastança. “O gasto primário, para atender necessidades básicas da população carente, seria inflacionário, mas o gasto com o serviço da dívida, com o bolsa rentistas, não“, diz o texto assinado pelo economista e publicado na edição de hoje do Valor Econômico.
O alto patamar dos juros reais brasileiros (o mais alto do mundo, de acordo com ele) não tem auxiliado o combate à inflação e “ao contrário do que se poderia prever, a diferença entre a inflação do grupo dos altistas (países que subiram mais significativamente as taxas nos últimos meses) e a dos demais países parece ter aumentado, não diminuído“, defende.
Certo ou errado, o importante aqui é que o economista inaugura a briga por uma mudança na postura, do agora autônomo, Banco Central. Vale lembrar que em fevereiro do ano que vem, os diretores de Fiscalização, Paulo Sérgio Neves de Souza, e de Política Monetária, Bruno Serra Fernandes, encerram os mandatos, abrindo duas vagas para indicações do presidente eleito Lula.
As diretorias do Banco Central são extremamente relevantes na condução da política monetária porque todos os diretores votam nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), que decidem a trajetória da taxa básica de juros no país. Ao todo são oito votos, mais a posição do presidente da autarquia.
No próximo ano, além dos dois mandatos que terminam em fevereiro, outros dois diretores encerram as funções no último dia de 2023. Isso significa que, a partir de 2024, o presidente Lula terá indicado metade da diretoria do Banco Central do Brasil. Ainda não será o bastante para impor o pensamento econômico defendido por André Lara Resende, mas, com certeza, será o suficiente para dividir as decisões e começar a mudar significativamente a comunicação do Comitê.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)