A Selic deveria estar mais baixa, como defende Lula? Economistas respondem
Nos últimos dias, Lula tem amado odiar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem o petista atribui a dificuldade para colocar a economia nacional de volta nos trilhos do crescimento....
Nos últimos dias, Lula tem amado odiar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem o petista atribui a dificuldade para colocar a economia nacional de volta nos trilhos do crescimento. Ontem pela manhã, durante cerimônia no BNDES, o presidente da República voltou a subir o tom e a acusar a autoridade monetária de estar mantendo a Selic em patamar extremamente alto. “Não tem explicação para que a taxa de juros esteja a 13,75%”, reclamou Lula.
O Antagonista ouviu economistas sobre a dúvida do presidente: haveria razão para o atual nível da Selic? De acordo com o economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, o motivo é simples e está claro na ata do Copom (Comitê de Política Monetária). “Projeções de inflação para 2023 e 2024 estão acima da meta, é tão simples quanto isso“, resume.
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, explica que há motivos claros para uma taxa básica de juros alta. “A elevada Selic reflete o cenário de incerteza com relação à expansão fiscal, proposta na PEC, e a ausência do novo arcabouço“, diz. “Há espaço para redução. Mas para isso, precisa haver também credibilidade na política fiscal. Caso o governo siga com expansão de gastos voltando a apresentar déficit, a inflação pode voltar a subir, e apaga o espaço que havia para a queda dos juros“, alerta Rafaela.
O economista da ASA Investments, Leonardo Costa, também compartilha a visão e adiciona as discussões levantadas pelo governo como elementos que tem dificultado o início dos cortes. “A deterioração das expectativas de inflação sugere manutenção da taxa de juros em patamar elevado por mais tempo. Os principais motivos dessa deterioração são a leitura do mercado de uma leniência do próprio BC em relação às metas de inflação, a discussão de uma nova meta de inflação nos próximos anos e o risco fiscal“, pontua.
O professor de economia do Insper Roberto Dumas Damas também ressalta que as falas mais ásperas do presidente dificultam a mudança na trajetória dos juros. “Quando você fala que vai gastar mais e que não se preocupa com a saúde fiscal, o investidor vai pedir mais retorno pelo risco fiscal. A curva de juros futuros hoje está cheia de risco, então, não dá para baixar na canetada“, explica. “O Banco Central manda na Selic, que é de um ano, quem manda nos juros futuros é o investidor, e ele exige mais taxa para correr o risco“, finaliza.
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