“A revolução capitalista que a África precisa”
"A África não precisa ser salva, precisa de menos paternalismo e mais capitalismo", diz a tradicional revista britânica
A revista The Economist publicou nesta quinta-feira, 9 de janeiro, artigo intitulado “The capitalist revolution Africa needs”, no qual defende que a África precisa adotar uma revolução capitalista para aproveitar seu crescente peso populacional e evitar um futuro de pobreza massiva.
A publicação destaca que, até 2030, mais da metade dos jovens ingressando no mercado de trabalho global será africana, mas o continente enfrenta desafios estruturais que bloqueiam seu desenvolvimento.
“A renda por pessoa caiu de um terço para um quarto da média mundial desde 2000”, aponta o texto, ressaltando o fracasso econômico de países como Nigéria e África do Sul, enquanto poucos, como Costa do Marfim e Ruanda, mostram progresso. Segundo a análise, “a produtividade estagnada” e a falta de infraestrutura básica, como estradas e eletricidade, são entraves que mantêm o continente preso ao atraso.
Outro obstáculo apontado é a “ausência de um ecossistema corporativo vibrante“. Enquanto países como Brasil e Índia desenvolveram grandes corporações e startups inovadoras, a África é descrita como “um deserto corporativo“, com pouquíssimas empresas de grande porte e baixos níveis de investimento privado.
“Os líderes africanos devem abandonar décadas de más ideias”, recomenda a revista, que critica tanto a adoção de modelos de capitalismo de estado, como o chinês, quanto a dependência de microprojetos promovidos por bilionários ou ONGs. A solução, afirma o texto, é fomentar “crescimento econômico rápido e sustentável”, o que implica priorizar grandes reformas políticas e econômicas.
O artigo também propõe uma maior integração dos mercados africanos para permitir economias de escala e atrair investidores globais, além de avanços em infraestrutura, educação e competitividade. “Mais infraestrutura, mais competição aberta e escolas muito melhores são essenciais“, afirma o texto.
Por fim, The Economist alerta que continuar na trajetória atual resultará em um continente onde “quase todos os muito pobres do mundo serão africanos”, intensificando migrações em massa e instabilidade global. Ainda assim, a revista mantém um tom de otimismo: “A África não precisa ser salva, precisa de menos paternalismo e mais capitalismo.”
Sobre a The Economist
A The Economist é uma das mais respeitadas publicações britânicas, conhecida por suas análises econômicas e políticas globais. Fundada em 1843, a revista defende princípios liberais clássicos e aborda temas econômicos, sociais e ambientais. Com circulação global, a revista tem influenciado líderes e decisões políticas por décadas, sendo considerada uma referência em jornalismo analítico.
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Comentários (1)
Marian
10.01.2025 09:44Concordo com a necessidade de uma revolução capitalista para alavancar o continente. Agora em relação a pobreza massiva, creio que já existe em grande parte, não?