A decisão do BC americano: saiba o que fazer
Às 15h (de Brasília) de hoje, o Banco Central americano, o FED, vai se reunir no seu comitê de política monetária, o FOMC, para tomar os próximos passos no aperto tão esperado pelos mercados...
Às 15h (de Brasília) de hoje, o Banco Central americano, o FED, vai se reunir no seu comitê de política monetária, o FOMC, para tomar os próximos passos no aperto tão esperado pelos mercados.
Esse movimento começou oficialmente na última reunião depois da alta forte na inflação local, que está rodando em patamares próximos a 6% ao ano, quando a meta deles é de 2,5%.
Apenas como exemplo, depois do último encontro, quando o FOMC subiu os juros de zero para 0.25% ao ano, o mercado que esperava uma possível alta maior da taxa base se surpreendeu positivamente, e o principal índice americano, o S&P, fez uma alta de quase 11% nos próximos dias.
No caso de hoje, temos o mercado dividido entre duas expectativas, como é possível ver no mercado futuro de taxas de juros: metade acredita numa alta de 50 pontos base e metade acredita numa alta de 75 pontos base.
No caso de uma alta de 50 pontos, a medida menos forte, podemos ver uma reação parecida como a vista na última reunião. O mercado de bolsa deve reagir positivamente, mas em uma intensidade menor, uma vez que a inflação nos EUA se deteriorou muito desde a última reunião. Mas mesmo assim, uma vez que o investidor americano está basicamente condicionado a reagir positivamente a juros menores, a reação deve ser universalmente positiva.
Acreditamos que essa seja a hipótese mais provável, dado o histórico do presidente da instituição, Jerome Powell, que sempre surpreende o mercado sendo menos austero. No entanto, essa medida deve ter um impacto menor em escopo e duração do que da última vez na bolsa.
Um mercado que pode ser bem afetado, é o mercado de câmbio, uma vez que o dólar contra as outras moedas está praticamente na máxima dos últimos 20 anos, tendo se valorizado 5% apenas no mês passado, uma das maiores altas mensais na história da moeda americana.
Ou seja, caso os 50 pontos bases de alta se confirmem, o dólar pode fazer um bom movimento de queda contra todas as moedas, inclusive, contra o real.
Na outra hipótese, de uma alta de 75 pontos base na taxa de juros, teríamos de forma geral o efeito contrário. Seria simbolicamente a confirmação de que o Fed havia perdido controle da inflação depois de diversos diagnósticos errôneos já conhecidos pelo mercado financeiro, como quando disseram que a inflação era apenas transitória e depois passageira, para, finalmente, se mostrar a maior em 40 anos.
Pelo fato de o investidor americano não gostar de juros mais altos, as bolsas americanas e globais provavelmente teriam uma queda pronunciada, fazendo novas mínimas, dando continuidade a um movimento de deterioração que já tirou mais de 18 trilhões de dólares de valor de mercado das bolsas globais.
Nesse caso, veríamos uma disparada do dólar lá fora e aqui dentro. Se o passado recente tem sido regra, provavelmente o nosso BC entraria na venda para proteger nossa moeda, o que teria efeitos de pressionar mais ainda nossa bolsa para baixo e que poderia visitar as mínimas vistas em janeiro deste ano.
Além disso, o comitê deve anunciar seus planos para reduzir o tamanho de seu balanço patrimonial, que avalio ser secundário, uma vez que seu efeito é menos sentido do que a alta de juros e, nesse caso, parece existir um consenso de que ele fará isso sem acessar o mercado, deixando os títulos em carteira vencer aos poucos ao longo dos próximos 3 meses até atingir o nível previamente anunciado de 95 bilhões de dólares mensais.
Posto isso, o que fazer? Acredito que o Fed, depois de ter testemunhado a queda recente nas bolsas, tentará ser o mais conservador e optar pela alta de 50 pontos base na sua taxa básica. Como dito acima, isso deve provocar uma melhora dos mercados em geral, que eu usaria estrategicamente para voltar a reduzir risco, uma vez que esse cenário não deve ser duradouro, haja vista que os problemas na economia americana estão apenas começando a aparecer, e o ciclo de aperto monetário, em seu segundo passo.
Se formos surpreendidos com uma alta de 75 pontos base, faria uma redução forte de risco, pois estaríamos entrando em terreno não explorado e com um mercado que já vem operando de forma bem precária nos últimos dias. Caso isso aconteça, podemos criar também uma pressão adicional na reunião do nosso comitê de política monetária, o Copom, que se reúne hoje à noite.
Assim, a provável alta de 100 pontos base para uma taxa de 12.75% ao ano é quase consensual, mas uma surpresa vinda do Fed poderia pôr mais pressão na equipe de Roberto Campos Neto para ser ainda mais austero.
Rodrigo Natali, estrategista-chefe da Inv Publicações
Nota: A política de juros dos Estados Unidos causa impactos nos mercados de todo o mundo. Poder contar com uma ESTRATÉGIA para lidar com movimentos como esse é uma maneira eficaz de proteger seu capital e, ainda, buscar lucros em um cenário onde muitos investidores temem perder dinheiro. Sócio e estrategista-chefe da casa de análise financeira independente Inv, Rodrigo Natali é especialista em macroeconomia doméstica e internacional, mantendo foco principal nos mercados de câmbio e juros. No programa “Você Gestor”, com o auxílio de Nícolas Merola, analista financeiro certificado (CNPI), Rodrigo simula uma carteira multimercado em tempo real, com trades em posições de índice futuro, dólar, S&P 500, ações e opções. Essa estratégia acumula +29,85% de rentabilidade em 2022 (ano recheado de turbulências). Para saber mais sobre o programa “Você Gestor” e ter acesso a sugestões de investimento com base nessa estratégia, clique aqui.
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