Vinho mais antigo do mundo é descoberto na Espanha
Durante obras de renovação em uma residência particular, uma tumba romana bem preservada foi revelada
Arqueólogos espanhóis anunciaram uma descoberta extraordinária em Carmona, na Andaluzia: o vinho líquido mais antigo do mundo, datado do século I d.C., com aproximadamente 2.000 anos de idade.
Durante obras de renovação em uma residência particular, uma tumba romana bem preservada foi revelada. Dentro dela, havia uma urna funerária de vidro contendo cerca de 4,5 litros de um líquido avermelhado, junto com restos cremados e um anel de ouro.
Embora o líquido tenha uma coloração avermelhada, análises químicas realizadas pela Universidade de Córdoba confirmaram tratar-se de um vinho branco. A ausência de ácido siríngico, composto presente em vinhos tintos, corroborou essa conclusão.
O vinho encontrado apresenta um pH de 7,5, similar ao da água, e contém elementos químicos consistentes com vinhos modernos. Curiosamente, seu perfil mineral se assemelha aos vinhos da região de Jerez, a cerca de 120 km ao sul de Carmona.
A descoberta oferece insights valiosos sobre as práticas funerárias romanas e a importância cultural do vinho naquela sociedade. A presença do vinho na urna, junto com outros artefatos valiosos, sugere que ele era colocado ali para acompanhar o falecido em sua jornada para o além.
A preservação excepcional do vinho por dois milênios é atribuída ao fechamento hermético da tumba, que impediu a evaporação e permitiu que o líquido mantivesse sua composição. O uso de vidro para a urna funerária era incomum para a época, destacando as técnicas avançadas de preservação empregadas pelos antigos romanos.
Essa descoberta supera o recorde anterior, que era o vinho de Speyer, encontrado na Alemanha em 1867 e datado de cerca de 325 d.C. O achado em Carmona não apenas recua a linha do tempo para o vinho líquido mais antigo, mas também abre novas avenidas para pesquisas sobre técnicas antigas de preservação de alimentos e vinhos.
E o sabor?
A composição química oferece algumas pistas do sabor do vinho mais antigo do mundo.
A semelhança com os vinhos xerez modernos sugere que ele poderia ter notas de nozes e um final seco. No entanto, é provável que o vinho original tivesse uma acidez mais pronunciada, e ao longo dos séculos, ele deve ter desenvolvido sabores complexos e únicos devido à sua preservação prolongada.
Os vinhos de Jerez são originários da Andaluzia, Espanha, com uma história de mais de 3.000 anos. Produzidos no triângulo entre Jerez de la Frontera, El Puerto de Santa María e Sanlúcar de Barrameda, esses vinhos se destacam pelo clima quente, influências marítimas e solos Albariza, Barros e Arenas.
Os vinhos de Jerez são um tesouro espanhol. Versáteis, esses vinhos harmonizam com petiscos, frutos do mar, queijos e sobremesas, e são populares na gastronomia moderna.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)