Sobre a estupidez
João Pereira Coutinho, na sua coluna na Folha, discorre sobre os estúpidos, tema do livro "As Leis Básicas da Estupidez Humana", de Carlo Cipolla. Eis um trecho: "Uma concepção igualitária dos seres humanos tende a atribuir à educação, à sociedade e à cultura a última palavra em matéria de estupidez...
João Pereira Coutinho, na sua coluna na Folha, discorre sobre os estúpidos, tema do livro “As Leis Básicas da Estupidez Humana”, de Carlo Cipolla.
Eis um trecho:
“Uma concepção igualitária dos seres humanos tende a atribuir à educação, à sociedade e à cultura a última palavra em matéria de estupidez.
É um erro. A estupidez é determinada pela natureza, como a cor dos olhos ou a ondulação do cabelo. É isso que explica a existência de um número mais ou menos constante de estúpidos em todas as classes sociais, em todas as profissões, em todos os países.
Para ficarmos apenas na universidade, um microcosmos que eu conheço bem, o número de alunos estúpidos não difere do número de professores estúpidos. O fato de os primeiros não terem diploma e os segundos terem uma parede coberta de honrarias não altera a estupidez essencial.
Mas é na terceira lei da estupidez que Cipolla se supera. Para ele, os seres humanos se distribuem em quatro categorias fundamentais: os inaptos, os bandidos, os inteligentes e os estúpidos.
O inapto, quando age, beneficia os outros e prejudica a si próprio. O bandido, pelo contrário, prejudica os outros para se beneficiar pessoalmente. O inteligente, quando age, consegue beneficiar todos (por isso é inteligente).
O que distingue o estúpido é a capacidade que ele tem para provocar dano a terceiros sem retirar daí nenhuma vantagem própria. Pelo contrário: ele pode incorrer em danos também.
No fundo, é a irracionalidade do estúpido que o torna a criatura mais perigosa do mundo (lei final). Talvez por deformação iluminista, as pessoas comuns acreditam que a racionalidade foi universalmente distribuída. E que ninguém, em juízo perfeito, irá atuar contra os seus próprios interesses.”
Pois é, como queríamos demonstrar.
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