Escritores judeus sofrem boicote
A crescente hostilidade contra escritores judeus está criando um clima de medo no meio literário, com muitos preocupados em perder contratos de livros, ser excluídos de eventos ou ter suas obras boicotadas
Escritores judeus têm sido alvo de boicotes, gerando preocupações sobre o futuro de suas carreiras no mundo literário. A situação foi exacerbada por uma lista divulgada no X, que classifica cerca de 200 autores judeus com base em suas posições sobre o conflito Israel-Palestina, variando de “Pro-Palestina/Anti-Sionista” a “Sionista Pro-Israel”.
Esta lista, que já foi visualizada por meio milhão de pessoas até o fechamento desta matéria, tem gerado boicotes a eventos literários e ameaças de resenhas negativas em plataformas como o Goodreads para autores que expressam qualquer apoio a Israel ou que simplesmente sejam judeus.
Além disso, a prestigiosa premiação literária PEN America cancelou sua edição de 2024 após 28 autores retirarem seus livros em protesto contra a resposta considerada insuficiente da organização ao conflito em Gaza. Autores como Brett Gelman, conhecido por seu papel em “Stranger Things”, tiveram eventos cancelados devido às suas posturas pró-Israel.
A crescente hostilidade contra escritores judeus está criando um clima de medo no meio literário, com muitos preocupados em perder contratos de livros, ser excluídos de eventos ou ter suas obras boicotadas. A lista mencionada inclui autores conhecidos como Emily Henry e Nicholas Sparks, simplesmente por mencionarem Israel ou por terem editores israelenses.
Essa censura e boicote têm um impacto significativo na literatura judaica, ameaçando silenciar vozes importantes e histórias valiosas. Num momento em que a liberdade de expressão deveria ser protegida, o boicote a esses escritores não apenas compromete seus futuros profissionais, mas também empobrece o mundo literário ao potencialmente excluir obras que poderiam contribuir para o diálogo e a compreensão global.
Antissemitismo na Literatura Contemporânea
David Baddiel, em sua obra “Judeus não contam”, argumenta que o antissemitismo é uma forma de racismo que tem sido ignorada, especialmente entre progressistas e esquerdistas. Ele destaca que, enquanto outras formas de discriminação têm recebido atenção, o antissemitismo continua a ser negligenciado, mesmo em contextos como o futebol, onde cânticos antissemitas são comuns.
O conflito entre Israel e Hamas exacerba o antissemitismo, com a mídia internacional frequentemente apresentando uma visão parcial do conflito. Isso alimenta estereótipos e preconceitos contra judeus, ignorando o desejo de paz da maioria da população israelense.
A PEN America cancelou sua cerimônia de premiação literária de 2024 devido a protestos sobre sua resposta ao conflito em Gaza. A organização foi criticada por sua postura percebida como pró-Israel, levando quase metade dos indicados a retirarem suas participações.
A feminista e Nobel de Literatura Annie Ernaux aderiu a um boicote a instituições culturais alemãs, criticando o apoio irrestrito da Alemanha a Israel. Este movimento é apoiado por mais de 500 artistas e escritores.
A lista de cancelamento, que classifica autores judeus de acordo com suas posições sobre Israel e Palestina, tem um impacto devastador na carreira desses escritores. Ações como boicotes a eventos, cancelamentos de contratos e campanhas de difamação online são comuns. Isso cria um ambiente hostil e censurador, que ameaça silenciar vozes importantes na literatura contemporânea.
Diversos autores e figuras influentes no meio literário têm se manifestado contra esses boicotes, argumentando que eles representam uma forma de antissemitismo e uma ameaça à liberdade de expressão. Kathleen Schmidt, presidente da KMSPR, afirmou que boicotar autores por serem judeus é antissemita, independentemente de suas posições sobre o conflito.
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