Agamenon: Vamos dar uma espiadinha?
Antigamente, o ano só começava depois do Carnaval, mas isso mudou. 2022 já começou porque o BBB, Big Boninho Brasil, está de volta junto com a Covid e suas variantes que não querem sair do país de jeito nenhum...
Antigamente, o ano só começava depois do Carnaval, mas isso mudou. 2022 já começou porque o BBB, Big Boninho Brasil, está de volta junto com a Covid e suas variantes que não querem sair do país de jeito nenhum. Muitos intelectuais de esquerda torcem o nariz para o famoso reality global. Segundo os cabeçudos, o programa promove a alienação do povo e deixa as pessoas mais burras, o que no meu caso é impossível. O que os elitistas não entendem é que o BBB é um espelho do Brasil. O sonho do brasileiro é entrar na “casa”, encher a cara, participar das festas, fazer sacanagem debaixo do edredom e não sair de lá nunca, mesmo se ganhar o prêmio. Se você acha uma mer#$%ˆ&*da tudo o que acontece dentro da casa mais vigiada do Brasil, pode estar certo de que aqui fora tá pior.
O BBB mudou ao longo do tempo. No começo, só tinha mulheres gostosas, rapazes musculosos e um gay pra dar a impressão de diversidade. De uns tempos pra cá, Jair Messias Bolsoninho, o comandante em chefe do programa, promoveu uma série de mudanças naquela fórmula desgastada. As gostosas e os fortões foram substituídos por subcelebridades e influenciadores digitais. A entrada dos “influencers” deu certo, pelo menos para mim: eles me influenciaram a mudar de canal.
Metade da população brasileira é composta de ex-BBBs, a outra metade de stand-up comedians. Muitos começaram a vida no reality e mudaram de profissão, como a Grazi, o Jean Wyllys e o Pedro Bial. A verdade é que até mesmo quem detesta o Big Brother passa o dia inteiro assistindo ao programa só pra poder falar mal. Até o presidente da República é um grande fã do BBB, mesmo porque já foi eliminado uma vez, só que do Exército. Depois da expulsão, Bolsonero resolveu ser político, uma profissão na qual se ganha mais, não pode ser preso e nem precisa trabalhar. A única diferença é que o presidento não pode ir pro paredão e ser eliminado. Pelo menos por agora.
Eu não sei por que não chamam um velho idoso e provecto como eu para participar do BBB. Será que é preconceito, etarismo, gerontofobia ou os três misturados? Nós, os idosos da Terceira, Quarta e Quinta Idade, não somos ouvidos por ninguém e, mesmo se alguém nos escutasse, a gente não ia conseguir ouvir a resposta. Só as funerárias se interessam pelos idosos, e eu, sempre prevenido, não quero dar despesa para Isaura, a minha patroa, quando partir desta para melhor: já comprei o meu caixão em 250 prestações nas Casas Bahia!
Agamenon Mendes Pedreira é jornalista em situação de rua.
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