Agamenon: Rock In River
Começa hoje a milésima edição do Rock in Rio, o mais jurássico festival de rock de todos os tempos. O rock, no caso, se refere à Idade da Pedra. Há 30 anos, milhares de bandas e astros internacionais vieram ao Brasil pela primeira vez. São os mesmos que agora retornam ao país, antes que o Brasil, não o rock, acabe. Para agradar os idosos fãs do rock, Rod Stewart, como um zumbi do Walking Dead, se apresenta domingo na Cidade do Rock. O decano do rock and roll avisou que vai fazer uma performance sensacional e, usando sua experiência de ex-coveiro, prometeu enterrar o governo da Dilma no palco...Os astros do rock, sempre marrentos, fizeram as costumeiras exigências para seus camarins: champanhe francesa, caviar iraniano, toalhas egípcias e maconha jamaicana
Começa hoje a milésima edição do Rock in Rio, o mais jurássico festival de rock de todos os tempos. O rock, no caso, se refere à Idade da Pedra. Há 30 anos, milhares de bandas e astros internacionais vieram ao Brasil pela primeira vez. São os mesmos que agora retornam ao país, antes que o Brasil, não o rock, acabe. Para agradar os idosos fãs do rock, Rod Stewart, como um zumbi do Walking Dead, se apresenta domingo na Cidade do Rock. O decano do rock and roll avisou que vai fazer uma performance sensacional e, usando sua experiência de ex-coveiro, prometeu enterrar o governo da Dilma no palco.
Como todo velho decrépito, eu também sou um amante do rock and roll e estive presente no primeiro Rock in Rio, em1985. Naquela época remota do século passado, o Brasil, assim como hoje, era um país muito atrasado. Naqueles tempos arcaicos, a plateia teve que assistir o show na lama, uma espécie de chiqueiro onde roqueiros das mais diversas etnias chafurdavam na pocilga dando cabeçadas uns nos outros.
No primeiro Rock and Rio, as bandas nacionais foram maltratadas pela produção, que dava tudo do bom e do melhor para as estrelas internacionais: toalhas de algodão egípcio, água Perrier, uísques e mulheres caríssimas. Enquanto isso, nossos miseráveis roqueiros nacionais eram tratados feito bicho e se alimentavam de restos de mulheres e tóchicos que sobravam dos roqueiros importados. E o que é pior: antes de entrar no palco, os artistas tupiniquins ainda levavam uma dura da polícia.
Quem também voltou do passado para nos assombrar nesta edição do Rock in River é a banda Queen, que arrumou um novo (velho) cantor para substituir o Fred Mercury. Infelizmente, o estepe do vocalista nunca conseguiu alcançar a magnífica viadagem do grande Fred Mercury, que, aliás, não era tão grande assim. Nunca esquecerei da passagem meteórica e escandalosa do insaciável e talentoso vocalista do Queen pela cidade. Graças aos meus contatos no mundo GLS (que na época não tinha L e S, era só Gay mesmo), ciceroneei Fred Mercury na Galeria Alaska, que, naqueles tempos, era um ponto gay. Que tristeza… Hoje a Galeria Alaska está decadente e virou um antro evangélico.
Junto com o Cazuza, Ney Matogrosso e Cauby Peixoto, saí com o Fred Mercury para pegar umas mulheres. Mulheres, digamos assim, “ diferenciadas ”. Estávamos à procura dessas meninas de tromba quando chegamos na Lapa, onde havia vários exemplares da espécie dando sopa. Acabamos a noitada bêbados e de quatro na Sala Cecília Meirelles, onde Fred Mercury, notório galinha, deu uma canja. Por estar num templo da música clássica, Fred Mercury abandonou o rock e só tocou flauta e outros instrumentos de sopro.
Como a Barra está toda em obras e o trânsito está horrível, a Prefeitura do Rio aconselha as pessoas a usarem paraquedas para chegar na Cidade do Rock. E o próprio Roberto Merdina, em pessoa, me garantiu que não haverá problemas com a alimentação. É verdade: no último Rock in Rio, eu comi uma garçonete do Habib’s e uma atendente do Bob´s. E olha que nem tinha muita fila.
Os astros do rock, sempre marrentos, fizeram as costumeiras exigências para seus camarins: champanhe francesa, caviar iraniano, toalhas egípcias e maconha jamaicana
Agamenon Mendes Pedreira é o Roqueiro de Neanderthal
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