Agamenon: “Quovadis-19?”
Eu, na minha pessoa, pessoal e intrasferível, Agamenon Mendes Pedreira, o jornalista mais inativo em atividade no Brasil, continuo resistindo ao coronavírus. Inclusive dando furos...
Eu, na minha pessoa, pessoal e intrasferível, Agamenon Mendes Pedreira, o jornalista mais inativo em atividade no Brasil, continuo resistindo ao coronavírus. Inclusive dando furos. Poucos sabem, mas fui eu o primeiro jornalista a dizer que “fui eu o primeiro a dizer” e também fui o primeiro a declarar “esta semana vai ser a pior”.
Já enfrentei muitas tragédias, inclusive a gripezinha espanhola, uma moléstia que começava entre os seios das mulheres do sexo feminino. Também sobrevivi a todos os governos que sugam o sangue dos brasileiros muito mais que o mosquito da dengue, este injustiçado e que, agora, por conta da COVID-19, zumbe em completo ostracismo, coitado.
Estou fazendo tudo que mandam os médicos, especialmente o Dr. Dráuzio Varíola, que me confidenciou que “COVID-19 no Carandiru dos outros é refresco”.
O Papa Francisco em pessoa ligou direto para o Vaticano para me informar que está fazendo uma revisão completa da Bíblia Sagrada de cabo a rabo. Além de reescrever o Apocalipse trocando o 666, o número da Besta, pelo 17.
O Sumo Pontífice também está reescrevendo os Evangelhos, principalmente aquela passagem em que o Pôncio Pilatos lava as mãos. O novo texto sagrado não só absolve o tribuno romano de omissão como também recomenda seguir o exemplo do governador da Judeia: lavar as mãos obsessivamente com água e sabão, sem esquecer o álcool em gel. Por falar nisso, parem de dar esmola pra mendigo que eles acabam gastando tudo em álcool gel para encher a cara, as mãos e outras partes remotas de sua anatomia pedinchona.
É claro que este não é o meu caso, já que parei de beber (e comer) faz tempo. Além do mais, álcool em gel e máscaras protetoras sumiram das prateleiras assim que se tornaram obrigatórios, fato comum no Brasil onde os “riscos” ficam cada vez mais “riscos” e os pobres cada vez mais pobres.
E já que estamos nessa vibe de trocadilhos infames, o ministro Manetta avisou que quem tiver mais de 60 anos e ganhar mais de 1000 salários mínimos vai fazer parte do “grupo de ricos”, com direito a UTI e respirador artificial particular.
Cloroquina então, nem pensar. O milagroso medicamento virou uma espécie de caviar malossol do tipo beluga, tanto que que não é mais vendido em farmácias, mas pode ser encontrado nas lojas H. Stern e na Deli Gil da Cobal do Leblon.
E fica a pergunta que não é de um milhão de dólares mas de 600 reais: cadê o meu Bolsa Vírus? Onde vou pegar essa grana? Para provar que sou um desassistido desabonado, já pedi um atestado d’O Antagonista comprovando que nunca me foi pago um tostão pelos meus textos. Para assinar o documento, o meu amigo Diogo Mainardi me cobrou 200 euros, em quatro prestações de 50 sem juros no cartão. Claro que não vou pagar.
Aliás, na fila para se cadastrar como miserável, encontrei atrás de mim um juiz do STF e na minha frente o presidente de um grande banco. Todos respeitando a distância higiênica de 3 metros.
Só não entendo uma coisa: essa campanha de que nenhum brasileiro pode ir pra rua. Como assim? Há tempos que mais de 13 milhões já foram mandados pra rua e de lá não tem mais pra onde ir.
Felizmente também existem as boas notícias e a humanidade continua surpreendendo. Por conta da pandemia, a picaretagem não acabou. Ao contrário, está cada vez mais forte e vigorosa comprovando que é imune ao coronavírus.
Todas as empresas (até os bancos! Pasmem!) viraram bonzinhos e solidários. Mesmo as séries da Netflix ficaram boas de uma hora pra outra. Enquanto isso, o lixo cultural está se acumulando nas ruas porque os lixeiros também resolveram fazer home office.
Por falar em home office, a minha patroa, a Isaura, já adotou essa nova prática de exercício profissional: continua servindo a sua famosa rabada para os entregadores de delivery, técnicos da NET, leiteiros e padeiros, que fazem uma fila para serem atendidos também obedecendo rigorosamente os 3 metros de distância profilática.
Atenção: leiam cuidadosamente estas mal traçadas linhas porque eu sempre fiz questão de dar a última palavra: ZWINGLIANO.
Podem checar no dicionário.
Agamenon Mendes Pedreira já tomou 6 doses da vacina antigripe porque é “de grátis”
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