Agamenon: Natal sem peru
Acalmem-se, meus 17 seguidores e meio. O título deste artigo não é mais um infame trocadilho de peru, desses que estão "abundando" desde a final da Libertadores e penetraram pelas frestas natalinas. A ausência da ave natalina é a triste realidade para nós, desempregados crônicos, no meu caso cronista desempregado crônico...
Acalmem-se, meus 17 seguidores e meio. O título deste artigo não é mais um infame trocadilho de peru, desses que estão “abundando” desde a final da Libertadores e penetraram pelas frestas natalinas. A ausência da ave natalina é a triste realidade para nós, desempregados crônicos — no meu caso, cronista desempregado crônico.
A carne, que já é fraca, agora também está cara. Fora do alcance do bolso do brasileiro, inclusive o peru, o frango e o chester. Entendendo que o consumidor brasileiro está na pindaíba, os supermercados encheram as geladeiras com um negócio congelado em que vem escrito apenas a palavra “ave”. Não explica, não define de que tipo de ave comestível se trata. Será uma pomba? Será uma rola? Uma gaivota? Um urubu? Ou apenas colocaram o vocábulo “ave” para impedir os trocadilhos imorais e impróprios para a maior festa da cristandade? O fato é que a tal ave, muito mais barata, substitui o tradicional Meleagris gallopavo com farofa na ceia natalina.
Mesmo assim, para que o Natal lá em casa não passe em branco, vendi a minha árvore de Natal para um grileiro na Amazônia que, assim que a pagou, derrubou o vegetal e tacou fogo nele.
Apesar de ser um ambientalista radical como a menina Treta Thurman, peguei a grana e fui até o supermercado Guanabara comprar os ingredientes para a ceia. Infelizmente, o dinheiro era tão pouco que nem dava para comprar uma ave — só deu para comprar um urubu de Natal que, quando fica pronto, toca o hino do Flamengo e vem recheado com farofa, que também pode ser usada em despachos de macumba.
Para que nosso urubu assado fique menos indigesto, Isaura, minha patroa, exímia cozinheira, já depenou, marinou e enfornou (no bom sentido, é claro, de fora para dentro) a ave rubro-negra. O urubu veio recheado com uma réplica da taça da Libertadores que, imediatamente, vendi para o ferro velho. Com esse dindim extra, comprei um presente de consolo para Isaura, a minha patroa: um vibrador com wi-fi. Mas não contem nada para ela, porque a gulosa e insaciável criatura é capaz de abrir o presente agora e começar a usar o aparelho antes do dia 24.
Agamenon Mendes Pedreira é o Bom Velhaco
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)