Agamenon: “Moro privilegiado”
Estão fazendo de tudo pro juiz Sério Moro ir ao programa do Raul Gil e pedir o chapéu. Mais uma vez a revista InVeja vazou vários trechos do The Intercept para acusar Moro de ser um bandido...
Estão fazendo de tudo pro juiz Sério Moro ir ao programa do Raul Gil e pedir o chapéu. Mais uma vez a revista InVeja vazou vários trechos do The Intercept para acusar Moro de ser um bandido, coisa que é normal no Brasil. Inclusive, a categoria profissional dos bandidos quer ficar fora da reforma da Previdência e ter sua aposentadoria integral e seus benefícios garantidos.
Eu estou revoltado! Eu estou indignado! E, principalmente, estou desempregado, tendo que trabalhar de “grátis” pro Antagonista, mesmo a favor da minha vontade. Isso não pode ficar assim. Os fins não justificam os meios de comunicação. Ninguém está acima da lei, nem Deus, que está acima de tudo e, por isso mesmo, tem foro privilegiado.
Ainda por cima me morre o João Gilberto, que também não vai comparecer ao seu próximo show e é dúvida também se vai participar do seu próprio velório, pois ainda não acertou o cachê. João já está reclamando do som do seu ataúde e da afinação das trombetas celestiais que anunciam a sua chegada ao Céu.
Junto com João Gilberto, também morrem o amor, o barquinho e a flor. João Gilberto inventou a Bossa Nova e influenciou toda uma geração de artistas brasileiros, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha, o General Mourão, Olavo de Carvalho e a Lei Rouanet. Está de luto o Brasil. João Gilberto morreu por falta de verbas, só no seu apartamento do Leblon, apenas na companhia solidária do Pato, a quem celebrizou numa canção que nem era de sua autoria, mas sim de Neuza Teixeira.
O falecimento prematuro de João Gilberto, aos 88 anos, foi mais um assassinato cultural promovido pelo governo ultradireitista de Jair Bolsonaro em conluio com os comunistas neoliberais globalizantes conservadores e obscurantistas, que querem levar a música brasileira de volta aos tempos do maxixe, corta-jaca e do lundu.
A culpa é do sistema! Do mecanismo! Todas as séries da Netflix produzidas com o dinheiro do contribuinte, que não sou eu, é claro, porque só contribuo para a famosa rabada da Isaura, minha patroa, que alimenta a população carente das redondezas onde vivo no meu Dodge Dart 73, enferrujado, que fica estacionado na Rua da Amargura, sem número, fundos.
Graças aos quitutes da minha cara-metade, tão apreciados pela rapaziada, consigo pagar as contas da casa e jogar na Mega-Sena acumulada. Exausta, Isaura defende algum por fora (e por dentro também) cozinhando (e costurando) pra fora. É feijoada, é cozido, é angu à baiana, são tantos pratos da culinária brasileira que a freguesia faz fila na porta de casa. Mas o que faz sucesso mesmo é a rabada, toda sexta-feira. Realmente, em rabada a minha esposa é insuperável. Em rabada, a Isaura é igual ao Brasil: campeã da Copa América.
Agamenon Mendes Pedreira é jornalista sem fundos.
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