Agamenon: Mamãe Falhei
A primeira vítima da guerra é a verdade, já dizia Winston Churchill. Quando não estava bebendo ou fumando charutos, Churchill passava o tempo fazendo frases de efeito que ele tacava em cima dos adversários, sempre com efeitos devastadores...
A primeira vítima da guerra é a verdade, já dizia Winston Churchill. Quando não estava bebendo ou fumando charutos, Churchill passava o tempo fazendo frases de efeito que ele tacava em cima dos adversários, sempre com efeitos devastadores. Algumas dessas frases inesquecíveis são: “Só vos peço, sangue, suor e uma pizza de calabresa”, “A guerra é fria, mas a minha mulher é muito mais” e “O pênalti é tão importante que deveria ser batido pela própria rainha da Inglaterra”. Durante os bombardeios alemães em Londres, Churchill me convidou pessoalmente para frequentar o ‘war cabinet room’ no Whitehall, lugar secreto onde ele ficava a salvo dos alemães, do gerente do banco e dos operadores de telemarketing.
Estressado com o ataque dos nazistas liderados por Hitler, Goering e Monark, o velho político pediu que eu lhe apertasse um charuto de maconha. Inebriado com os eflúvios da marofa, Churchill decidiu que ia invadir a Normandia. Normandia era a secretária do general Montgomery, que estava lutando na África. Mas a funcionária se recusou a realizar a operação de guerra porque estava num daqueles dias, o Dia D. Havia respeito nos relacionamentos com as mulheres naquele tempo: quando um não queria, o outro ficava com dor de cabeça.
Por que estou me lembrando desses acontecimentos distantes da Segunda Guerra? Primeiro, por conta da senilidade e da demência. Em segundo lugar, porque agora o mundo está na beirola da Terceira Guerra Mundial.
De um lado, está o autocrata hétero top Vladimir Ilitch Ulianov, o Putin, que é uma espécie de Bolsonaro macho. Do outro lado, estão todos aqueles que defendem a paz, o mundo livre, a democracia e o almoço grátis. Pensando nestes valores (e não nos valores que O Antagonista vai me pagar agora “debaixo” do UOL ), embiquei na direção da Ucrânia para cobrir esta guerra cruel e sangrenta. Quem também veio pra cá foi a galera do MBL (Movimento Boçal Livre), mas o que eles queriam mesmo era cobrir as ucranianas —de preferência as louras de olho azul e as pobres, não necessariamente nesta ordem. Liderados por Arthur do Pal, o Mamãe Brochei, os jovens liberais pisaram no território inflamado para promover a livre iniciativa de dar em cima dos milhares de refugiados que tentavam escapar das bombas russas.
Sedentos e sebentos de sexo, os macho-capitalistas não eram o Exército russo, mas também atacaram sem dó nem piedade as mulheres eslavas. Eslavas de Carvalho. Num áudio que acabou vazando, Mamãe Falei Merda conclamava os seus colegas liberais a vir para a Ucrânia arrecadar cobertores e agasalhar um croquete. Diante daquela vergonha, o deputado caiu em desgraça e perdeu tudo: a namorada, o cargo e a vergonha na cara. Até mesmo o Bolsonazi chamou Arthur do Mal de machista e cafajeste, tirando onda de feminista. Como é comum nestes tempos de cancelamento, Mamãe Caguei pediu desculpas por sua incontinência verbal, sua atitude sexista e por não ter comido ninguém.
O fato é que este lamentável episódio não teve influência nenhuma aqui na Ucrânia. Eu mesmo, Agamenon Mendes Pedreira, estou aqui numa estação do metrô de Kiev com milhares de refugiados debaixo de pesada artilharia. Felizmente, quem nos acompanha é o humorista e presidente Zelensky, que, para desanuviar o ambiente, está contando umas piadas. Mesmo sem entender nada do que ele está falando, faço questão de cair na gargalhada com os chistes do Supremo Comediante da Ucrânia. Sou um fingidor compulsivo. Na minha idade, mesmo tomando Viagra, está cada vez mais difícil levantar o moral da tropa…
Agamenon Mendes Pedreira é correspondido de guerra.
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