Agamenon: Enterra, Santa!
Foi então que cheguei ao clímax desta minha peregrinação. Já que na minha hospedaria não tinha água corrente, resolvi tomar um banho no Rio Jordão. Mas quando cheguei ao córrego sagrado fui tomado por uma visão mística: um bando de pagodeiros e modelos seminuas disputavam um sabonete nas águas puríssimas do Jordão. Foi aí que eu vi o Gugu Liberato sendo batizado pelo padre Morcelo Rossi em pessoa...
Foi então que cheguei ao clímax desta minha peregrinação. Já que na minha hospedaria não tinha água corrente, resolvi tomar um banho no Rio Jordão. Mas quando cheguei ao córrego sagrado fui tomado por uma visão mística: um bando de pagodeiros e modelos seminuas disputavam um sabonete nas águas puríssimas do Jordão. Foi aí que eu vi o Gugu Liberato sendo batizado pelo padre Morcelo Rossi em pessoa. O padre cantor, tomado por profunda fé mística, jogava água fora da bacia hidrográfica do Rio Jordão. Foi então que surgiu o Todo Poderoso: Edir Macedo! Neste exato momento, assisti pessoalmente ao milagre da conversão. Edir Macedowitz, que agora é judeu, converteu toda a sua fortuna de reais para dólares!
Aquele espetáculo dantesco de comercialismo religioso me deixou ainda mais revoltado, deprimido e sem esperança. Sem rumo, percebi que ali não estavam as respostas para as minhas profundas dúvidas existenciais.
Resolvi então atravessar em caravana o Deserto da Galiléia, onde passamos pelo Velho e pelo Novo Testamento. Depois de tantos quibes, esfihas e falafeis, fui acometido por uma terrível dor-de-barriga. Devido às condições precárias de higiene no deserto, não havia papel higiênico para realizar uma perfeita profilaxia do pavilhão reto-furicular. Assim, tive que usar a sarça ardente, um arbusto bíblico típico da região, coisa que tornou a travessia ainda mais dolorosa, aumentando de maneira insuportável o meu comichão espiritual.
No meio do deserto, tivemos a oportunidade de visitar as Minas do Rei Salomão, uma espécie de termas dos tempos bíblicos. No histórico bordel, tivemos a oportunidade de conhecer (no sentido bíblico, é claro, de fora pra dentro) as famosas messalinas hebréias que não dão pra ninguém mas, em compensação, emprestam o sexo a juros extorsivos.
Ainda na Palestina, visitamos a cidade de Sodoma, onde provamos a comida típica da região, a rabada sodomita, iguaria que Isaura, a minha patroa, costuma oferecer aos amigos. Estivemos também em Gomorra, outra cidade pecadora, onde foi inventada a gomorria que é uma sacanagem muito pior que a sodomia. Dr. Jacintho Leite Aquino Rego, psico-proctologista de fama internacional, queria desviar a nossa caravana na direção de Cafarnaum e em seguida rumar na direção do Cairo. Dr. Jacintho, egiptolólogo amador, pretendia examinar pessoalmente as Sete Pregas do Egito. Segundo o eminente sábio psico-proctologista, o episódio das Sete Pregas do Egito é um dos mais importantes erros ortográficos do Antigo Testamento. Depois de andarmos por Seca e Meca, de déu em déu, com o sol a pino ardendo sobre as nossas cabeças, finalmente chegamos a um outro importante duplo sentido do Oriente Médio: o Estreito de Ormuz, no Mar Vermelho. Não posso negar que, após a minha passagem pela inflamada região, o Estreito de Ormuz já não é mais tão estreito assim.
No Mar Vermelho, embarcamos no vapor de bandeira turca, o Al Jabah, que levava um carregamento de opiáceos para a Espanha. Eu só conhecia a Turquia do filme O Expresso da Meia Noite e posso dizer que o navio era muito pior. Os marinheiros turcos ameaçavam nos transformar em eunucos com suas cimitarras indomáveis, caso não nos submetêssemos aos seus mais baixos e sórdidos caprichos sexuais. Até aí, tudo bem.
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