Agamenon: Divagando e andando
Como todos os meus 17 seguidores e meio (não esqueçam do anão, coitado, que anda meio por baixo) estão cansados de saber, eu sou um homem que está sempre ao lado da ciência. Por isso, me vacinei centenas de vezes e acabei tendo uma overdose de reforço. Graças à farmacêutica Pfizer, minha vida sexual com a Isaura, minha patroa, voltou a crescer!...
Como todos os meus 17 seguidores e meio (não esqueçam do anão, coitado, que anda meio por baixo) estão cansados de saber, eu sou um homem que está sempre ao lado da ciência. Por isso, me vacinei centenas de vezes e acabei tendo uma overdose de reforço. Graças à farmacêutica Pfizer, minha vida sexual com a Isaura, minha patroa, voltou a crescer! A miraculosa vacina azulzinha do laboratório faz de tudo: protege da Covid, previne o Alzheimer e devolveu a consistência perdida de uma parte remota de minha anatomia. Envaidecido com aquele milagre, comecei a andar nu na rua só para mostrar aos meus vizinhos invejosos o comprimento, o volume e a rigidez da minha felicidade autossustentável.
Mas alegria de pobre duro, quer dizer, dura pouco… diante da minha exuberante potência, as autoridades ameaçaram me prender por violento atentado ao pudor e exibicionismo. Assim, tive que me recolher à minha residência, o Dodge Dart 73, enferrujado, que fica estacionado na Rua da Amargura, sem número, fundos. Justamente agora que o Brasil está voltando ao velho anormal fui obrigado a ficar trancafiado em casa, sem ter o que fazer. Infelizmente, por dever profissional, só me restou voltar a praticar o jornalismo, a mais antiga e mal paga das profissões. Como arauto da verdade, o bom jornalista deve prestar atenção aos fatos, analisar a notícia, checar as fontes e, aí sim, verificar como ele pode se dar bem e descolar uma grana com aquela informação.
Infelizmente, as minhas fontes secaram, e os poderosos a quem achacava estão presos. Por enquanto, é claro, já que o STF soltou todo mundo, o que vai aumentar ainda mais a criminalidade nas ruas. Já os homicidas, bandidos e marginais que continuam encarcerados ficaram aliviados de não ter mais que conviver com essa gentalha.
Envelhecido, enrugado, encanecido, vergado com o passar dos anos, comecei a fazer dancinhas no TikTok para descolar algum dinheiro na rede. A monetização também não aconteceu porque tive que disputar com gatos, cachorros, mulheres de biquíni e outros desocupados que faturam muito mais do que eu rebolando por um minuto. Contudo (e sem nada), ainda posso contar com a ajuda da empoderada Isaura, a minha patroa , que fornece o seu conteúdo na rede (na cama, na cozinha e no banheiro) e, assim, consegue colocar alguma comida no prato. O problema é que a Isaura, criatura faminta e gulosa, come primeiro. Quando chega a minha vez, só tem osso.
Todas as pessoas, assim que me conhecem, têm a impressão de que não passo de um mau-caráter, escroque e vigarista. À medida que o tempo passa e que vão conhecendo melhor meus atos, atitudes e pensamentos, essas mesmas pessoas chegam à conclusão de que estavam certas desde o princípio.
Agamenon Mendes Pedreira é extremista de centro.
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