Agamenon: Brasil, pátria armada
O Brasil não é ovo, mas ficou chocado com as recentes decisões do Supremo Tribunal de Frango. Com tanta gente chocada, a nossa população vai acabar virando um bando de galinhas, e o país vai virar uma imensa granja. Será o triunfo definitivo do nosso agronegócio, que, por ser pop, vai se apresentar no palco principal do Rock In Rio...
O Brasil não é ovo, mas ficou chocado com as recentes decisões do Supremo Tribunal de Frango. Com tanta gente chocada, a nossa população vai acabar virando um bando de galinhas, e o país vai virar uma imensa granja. Será o triunfo definitivo do nosso agronegócio, que, por ser pop, vai se apresentar no palco principal do Rock In Rio.
Sigam-me no meu raciocínio: o Supremo decidiu que a Operação Lava Jato vai mudar de nome pra Limpa a Jato e assim transformar todos os corruptos condenados em várias instâncias em cidadãos limpos e cheirosos. Vão todos virar cidadãos de bens. Até aí, nada de mais.
Graças a essa manobra jurídico-criminal, o Brasil vai se transformar em um exemplo ao mundo: aqui o crime compensa. E isso pode atrair um enorme fluxo de capitais para a nossa economia. A máfia, a Camorra, a União Corsa e mais centenas de multinacionais do crime organizado vão investir no Brasil e tirar o país do buraco. Nem o Paulo Guedes tinha pensado em um plano tão genial!
Para comemorar os 90 anos da D. Fernanda Montenegro, o pessoal do Phoder Judiciário aproveitou para criar várias situações dramáticas. Mistura de comédia com tragédia. O ex-procurador Rodrigo Jáfoi revelou que um dia foi ao Supremo armado com revólver para matar o ministro Gilmar Mentes, que acaba de ganhar o Emmy de Melhor Vilão do STF. Até aí, nada de mais.
Na minha santa ingenuidade, pensava que tiroteios entre facções e milícias eram privilégio de policiais, traficantes e criminosos das favelas, quer dizer, das “comunidades”.
Ledo e Ivo engano. Nossas “otoridades” vão armadas pro Supremo, pro Senado e pra Câmara porque sabem muito bem que são lugares mal frequentados, cheios de facínoras da pior espécie. Se o indivíduo der bobeira, pode sair de Brasília num caixão de defunto, vítima de uma bala ou de uma verba perdida.
Brasília, outrora uma cidade pacata, se transformou num lugar perigoso. Turistas evitam passar perto do Supremo e do Congresso porque podem acabar sendo assaltados por mais um imposto, uma nova tarifa ou mesmo um subsídio.
Por conta disso, tomei uma decisão radical: mandei blindar o meu Dodge Dart 73, enferrujado, e também a Isaura, minha patroa, para que esta santa criatura continue a oferecer sua famosa rabada sem ser alvo dos projéteis de esquerda e direita.
Mas nem tudo está perdido. Tem mais coisa para perder. Ao que tudo indica, o Lula vai para o regime semiaberto: quer dizer, ele vai poder sair da cadeia para trabalhar de dia e só voltar para a tranca depois do expediente. A Anistia Internacional, o PT e várias ongues já se manifestaram contra essa medida violenta e arbitrária. Dormir na cadeia tudo bem, mas obrigar o Lula a passar o dia inteiro trabalhando, aí já é crueldade!
De uma coisa tenho certeza: o Brasil de hoje sempre está melhor do que o Brasil de amanhã.
Agamenon Mendes Pedreira é jornalista de segunda instância
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